Eu também sou candidato!
Vivemos
um tempo em que parece que as pessoas fogem, cada vez mais, dos compromissos
(particularmente daqueles a longo prazo, que exigem persistência, empenho,
tolerância e espírito de sacrifício); em que evitam as palavras claras [“Sim.
Sim. Não. Não.” (Mt.5, 37)], antes preferindo o “nim”, o “talvez” ou expressões
mais ou menos dúbias.
Este também parece ser um tempo cada vez mais de “modas”,
passageiras ou efémeras, do que de valores perenes, que dão sabor à vida e
suportam uma vontade, ainda que muitas vezes contra a corrente!
Este
é um tempo do “politicamente correto”, de propostas “fraturantes” (seja lá o
que isso for!), mas, também, de conversas estagnadas, estéreis, que nenhuma
melhoria trazem às pessoas, antes envenenam o ambiente familiar e sócio-comunitário.
Este parece ser um tempo do “salve-se quem puder”, do “usar e deitar fora”, das
pessoas descartáveis, de pura recusa ou intolerância ao sofrimento, de cada um
se servir e de não servir!
Mas
também é um tempo, e porque estamos em período de campanha eleitoral, em que
algumas pessoas decidem comprometer-se em apresentar e defender ideias e
projetos, em benefício das respetivas comunidades.
Bom seria que apenas isso
fosse – amplamente - discutido, no quadro da legalidade democrática!
Quando,
num bendito e longínquo Domingo do Outono de 1962, os meus pais me levaram,
pela primeira vez, à igreja de S. Domingos, começaram, conforme o previsto no
Ritual próprio, por pedir à Igreja que eu fosse baptizado.
Iniciava,
aí, e sem ter consciência de tal, uma caminhada pessoal, familiar e comunitária
que, não estando pré-definida, tinha já uma meta proposta por Deus: a
santidade!
“Sede santos, porque eu sou santo” (1Pe 1, 16). “Porque esta é a vontade de Deus, a vossa santificação” (1Tes 4, 3).
Não
a santidade dos atos heroicos, que pode levar aos altares e à veneração dos
fiéis, mas a santidade anónima, que muito agrada a Deus, e que pode ser obtida
pelo cumprimento dos nossos deveres quotidianos, rotineiros, desde que feitos
com amor.
De sermos capazes de chorar com os que choram e de rir com os que
riem, não numa atitude de “Maria-vai-com-as-outras”, mas de expressão de uma
verdadeira comunhão com os que vivem ao nosso lado, numa fraternidade viva e
operante.
A santidade que resulta de, como tem dito o Papa Francisco, sermos
capazes de ir para as periferias (geográficas e não só…) e de sujar as mãos
para aliviar a fome, a sede, a nudez, a doença, a prisão de tantos e tantos que
sofrem.
“Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus irmãos mais pequeninos, a Mim o fizestes.” (Mt. 25, 40).
Mas
eu sei que não posso alcançar a santidade apenas por mim, pelas eventuais minhas
boas obras, sem ter comigo a graça de Deus, que me ilumina e fortalece, e que me
dá ânimo para não desistir perante as dificuldades que surgem.
A graça de Deus
que me ajuda a conformar a minha vida a Jesus Cristo, de modo a que, como S.
Paulo, eu possa dizer: “Assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim.”
(Gal. 2, 20)
Apesar
de tudo, e embora indigno, eu também sou candidato… à santidade!
E
tu? Aceitas este desafio de também querer ser santo(a)? Aceitas comprometer-te?
José Pinto