Escutar para pôr em prática
"O Pai celeste disse uma
única palavra: o seu Filho. Disse-a eternamente e num eterno silêncio. É no
silêncio da alma que Ele Se faz ouvir.
Falai pouco e não vos metais
em assuntos sobre os quais não fostes interrogados.
Não vos queixeis de ninguém;
não façais perguntas ou, se for absolutamente necessário, que seja com poucas
palavras.
Procurai não contradizer
ninguém e não vos permitais nenhuma palavra que não seja pura.
Quando falardes, que seja de
modo a não ofender ninguém e não digais senão coisas que possais dizer sem
receio diante de toda a gente.
Tende sempre paz interior e
uma atenção amorosa para com Deus; e, quando for necessário falar, que seja com
a mesma calma e a mesma paz.
Guardai para vós o que Deus
vos diz e lembrai-vos desta palavra da Escritura: «O meu segredo é meu» (Is
24,16). [...]
Para avançar na virtude, é
importante calar e agir, porque, falando, as pessoas distraem-se, ao passo que,
guardando silêncio e trabalhando, recolhem-se.
Depois de aprendermos com
alguém o que é preciso para o nosso progresso espiritual, não lhe peçamos que
continue a falar: ponhamos mãos à obra, com seriedade e silêncio, com zelo e
humildade, com caridade e desprezo de nós mesmos.
Antes de tudo, é necessário
e conveniente servir a Deus no silêncio das tendências desordenadas e da
língua, a fim de só ouvir palavras de amor."
São João da Cruz
(1542-1591), carmelita descalço, doutor da Igreja | Conselhos e Máximas
Sobre S. João da Cruz
“Nascido em 1540 ou 1542 em
Fontiveros (Ávila, Espanha), João cedo ficou órfão de pai. Veste o hábito dos
carmelitas em Medina no ano de 1563. Foi ordenado padre em 1567, depois de completar
estudos em Salamanca.
Nesse mesmo ano encontra
Santa Teresa de Jesus, que tinha recentemente obtido licença para a fundação de
dois conventos e carmelitas contemplativas. É com ela que colabora na reforma
do Carmelo: nasciam assim os Carmelitas Descalços. João, em 1568, estava no
primeiro núcleo destes monges reformados.
Foi preso no convento dos
Carmelitas de Antiga Observância de Toledo devido a uma acusação que se provou
ser falsa, e foi no cárcere, onde passou cerca de oito meses, que escreveu
muitas das suas poesias, entre as quais “Cântico espiritual”.
Morreu em 1591, aos 49 anos,
em Ubeda. Foi beatificado por Clemente X, em 1675 e declarado santo por BentoXIII, em 1726. É doutor da Igreja, padroeiro dos místicos e poetas.” Continuar
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