«O deserto e a terra árida vão alegrar-se, a estepe exultará e dará flores» (Is 35,1)
«Uma
voz clama no deserto: ‘Preparai o caminho do Senhor’». Irmãos, reflitamos antes
de mais na graça da solidão, na beatitude do deserto, que mereceu ser
consagrado ao repouso dos santos desde o começo da era da salvação. É verdade
que o deserto foi santificado para nós pela «voz [que] clama no deserto», João
Batista, que pregava e administrava um batismo de penitência; mas já antes dele
os profetas mais santos tinham amado a solidão enquanto local favorável ao
Espírito. Porém, este local recebeu uma graça de santificação incomparavelmente
maior quando Jesus tomou o lugar de João (Mt 4,1). […]
Ele
permaneceu no deserto durante quarenta dias, como que para purificar e
consagrar este local a uma vida nova; venceu o déspota que o assombrava […],
não tanto por si, mas por aqueles que, no futuro, aí habitariam. […] Portanto,
espera no deserto Aquele que te salvará do medo e das tempestades; quaisquer
que sejam os combates que sobre ti se abatam, quaisquer que sejam as privações
que venhas a sofrer, não regresses ao Egito, pois o deserto há de alimentar-te
melhor com o maná. […]
Jesus
jejuou no deserto, mas muitas vezes alimentou a multidão que O seguia, e fê-lo
de forma maravilhosa. […] Quando pensares que Ele te abandonou há muito, nessa
altura Ele virá, recordado da sua bondade, para te consolar e te dizer:
«Recordo-me da tua fidelidade no tempo da tua juventude, dos amores do tempo do
teu noivado, quando me seguias no deserto» (Jer 2,1). Nessa altura, Ele fará do
teu deserto um paraíso de delícias, e tu proclamarás, como o profeta, que «tem
a glória do Líbano, a formosura do monte Carmelo e da planície de Saron» (Is
35,2). […] Então, da tua alma saciada brotará um hino de louvor: «Deem graças
ao Senhor, pelo seu amor e pelas suas maravilhas em favor dos homens. Pois Ele
deu de beber aos que tinham sede, e matou a fome aos famintos» (Sl 106,8-9).
Beato Guerric de Igny (c. 1080-1157), abade cisterciense | 4.º Sermão do Advento
Biografia de S. João Batista
João Batista (2 a.C.-27), ou São João, foi
um pregador judeu, segundo os evangelhos, era primo de Jesus e foi o
responsável por seu batismo.
João Batista nasceu em Ein Kerem, na Judeia, ano 2 a.C. Segundo o Evangelho de São Lucas,
João era filho do sacerdote Zacarias e de Isabel, descendente de Aarão, prima
de Maria, que viria a ser a mãe de Jesus. “Não
tinham filhos, porque Isabel era estéril, e os dois já eram de idade avançada”
(Lucas 1, 7)
Segundo Lucas, o nascimento de João foi
anunciado pelo anjo Gabriel, enviado por Deus. ”Certa ocasião, Zacarias fazia o serviço religioso no Templo”. “Então
apareceu um anjo do Senhor”. “O anjo disse: Não tenha medo, Deus ouviu seu
pedido, e sua esposa vai ter um filho e você lhe dará o nome de João”.
(Lucas 1, 8-11-13).
Isabel deu a luz a um filho, e como era
prática entre os judeus, no oitavo dia João passou pela cerimónia da
circuncisão. Sua educação foi influenciada pelas ações religiosas do templo,
onde seu pai era sacerdote e sua mãe pertencia a uma sociedade chamada “Filhas
de Aarão”. “O menino ia crescendo, e ficando forte de espírito”. Se tornou um
líder popular que reunia em torno de si um grande número de pessoas.
Pregações de João no deserto
João Batista iniciou sua vida de pregação no
deserto da Judeia. Viveu como um nómada pregando palavras de arrependimento e
transformação. Quando começou, os judeus estavam esperando o Messias, que iria
libertá-los da miséria e da dominação estrangeira. João anunciava que a chegada
do Messias estava próxima e pedia a adesão do povo, selando-a com o batismo. As
autoridades mandam investigar se João pretendia ser ele o Messias, mas João
nega.
Segundo Mateus, João dizia: “Converta-se, porque o Reino do Céu está
próximo”. “João foi anunciado pelo
profeta Isaías, que disse”: “Esta é a voz daquele que grita no deserto:
Preparem o caminho do Senhor, endireitem suas estradas!” João usava roupa feita
de pelos de camelo, e cinto de couro na cintura, comia gafanhotos e mel
silvestre”. “Os moradores de Jerusalém, de toda a Judeia e de todos os lugares
em volta do rio Jordão, iam ao encontro de João”. “Confessavam os próprios
pecados e João os batizava no rio Jordão”. (Mateus 3, 2-3-4-5-6).
Batismo de Jesus Cristo
Jesus foi da Galileia para o rio Jordão, a
fim de se encontrar com João, e ser batizado por ele. Mas João procurava
impedi-lo, dizendo: “Sou eu que devo ser
batizado por ti, e tu vens a mim?” Jesus, porém, lhe respondeu: “Por enquanto deixe como está! Porque devemos
cumprir toda a justiça”. E João Concordou. Depois de ser batizado, Jesus
logo saiu da água. Então o céu se abriu, e Jesus viu o Espírito de Deus,
descendo como uma pomba e pousando sobre ele. E do céu veio uma voz, dizendo: “Este é o meu filho amado, que muito me
agrada”. (Mateus 3, 13-14-15-16).Continuar a ler na fonte