Pela fé, ser curado e entrar na verdadeira vida
Naaman
era sírio, tinha lepra e ninguém conseguia purificá-lo daquela doença. [...]
Foi a Israel e Eliseu ordenou-lhe que se banhasse sete vezes no Jordão. Então
Naaman pensou que os rios da sua pátria tinham águas melhores, nas quais ele se
tinha banhado muitas vezes sem ter sido purificado da lepra. [...] Mas acabou
por se banhar e, imediatamente purificado, compreendeu que a purificação não
viera das águas, mas da graça. [...]
Foi
por isso que [no dia do teu batismo] te disseram: não creias apenas naquilo que
vês, porque poderias dizer como Naaman: é esse o grande mistério que «nem o olho viu, nem o ouvido ouviu, nem
jamais passou pelo pensamento do homem» (1Cor 2,9)? Vejo água, como sempre
vi! Terá esta água o poder de me purificar, quando tantas vezes me banhei nela
sem ser purificado? Aprende que a água não purifica sem o Espírito.
Foi
por isso que leste que, no batismo, «três
são os que testificam: o Espírito, a água e o sangue» (1Jo 5,7-8). É que,
se retirares um que seja, o sacramento do batismo desaparece. Com efeito, o que
é a água sem a cruz de Cristo? É um vulgar elemento, sem qualquer alcance
sacramental. E, da mesma maneira, sem água não há mistério do novo nascimento,
porque «quem não nascer da água e do
Espírito não pode entrar no Reino de Deus» (Jo 3,5). O catecúmeno acredita
na cruz do Senhor Jesus, cujo sinal recebeu; mas, se não tiver sido batizado em
nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, não pode receber o perdão dos seus
pecados, nem acolher o dom da graça espiritual.
O
sírio Naaman mergulhou sete vezes, segundo a Lei; tu foste batizado em nome da
Trindade. Tu confessaste a tua fé no Pai, confessaste a tua fé no Filho,
confessaste a tua fé no Espírito Santo. Recorda a sucessão destes factos; pois,
nesta fé, morreste para o mundo e ressuscitaste para Deus.
Santo Ambrósio (c. 340-397), bispo de
Milão, doutor da Igreja | Os mistérios, 16-21
Sobre Santo Ambrósio…
“Tinha
escolhido a carreira de magistrado, seguindo os passos do pai, prefeito romano
da Gália, e aos 30 anos encontrava-se já como cônsul de Milão, cidade que era
então capital do império.
No
dia 7 de dezembro de 374, em que
católicos e arianos disputavam o direito de nomear o novo bispo, cabia a ele
garantir a ordem pública na cidade e impedir que se desencadeassem tumultos.
O
imprevisível acontece quando ele falou à multidão com tanto bom senso e
autoridade, que se ergueu um grito: «Ambrósio
bispo!». E pensar que ele era apenas um catecúmeno à espera do Batismo. Cede ao clamor quando
compreende que aquela era também a vontade de Deus, que o queria ao seu
serviço.
Começou
distribuindo os seus bens aos pobres e dedicando-se a um estudo sistemático da Sagrada Escritura. Aprendeu a pregar,
tornando-se um dos mais célebres oradores do seu tempo, capaz de encantar até
um intelectual refinado como Agostinho,
que se converte graças a ele.
De
Ambrósio a Igreja de Milão que recebe um impulso que se conserva ainda hoje,
inclusive no campo litúrgico e musical.
Mantem
relações estreitas com o imperador, mas era capaz de lhe resistir quando
necessário, recordando a todos que «o
imperador está dentro da Igreja, não sobre a Igreja».
Quando
sabe que Teotónio o Grande tinha ordenado uma violenta e injusta repressão em
Tessalónica, não teme exigir ao soberano uma expiação pública.
Dizem
que no termo da sua vida, confiou: «Não
tenho medo de morrer porque temos um Senhor bom». À sua Igreja deixou um
rico tesouro de ensinamentos, sobretudo no campo da vida moral e social.
Nasceu
em Tréveris, atual Alemanha, cerca do ano 340, e morreu em Milão a 4 de abril
de 397, ao amanhecer de Sábado Santo. É Doutor da Igreja e padroeiro dos
apicultores.” Fonte e saber mais…