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O Mistério da Igreja

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O Concílio Vaticano II , no dizer de espíritos mais conservadores e com alguma razão, alterou profundamente e revolucionou a Igreja … A Igreja era vista como “uma sociedade governada pelo Papa”… Alguns cardeais (o belga Suenens e os franceses Lienart e Marty ), porém, fizeram escutar uma outra conceção que viria a prevalecer: a Igreja é em primeiro lugar um mistério. O título da Constituição sobre a Igreja é Lumen Gentium = Luz dos Povos . A Luz dos Povos é Cristo e a Igreja é “ o sacramento, ou sinal, e o instrumento da íntima união com Deus e da unidade de todo o género humano ”. Ao longo dos séculos insistiu-se na sua organização hierárquica. O Concílio juntou outros aspetos: Mistério , Povo de Deus e Hierarquia , aspetos inseparáveis, não acessórios, da mesma realidade humana e divina, (cf. LG8). O elemento visível não pode viver em contradição com o que anuncia e de que é sinal. ***** Diz a Sagrada Escritura : « Todos nós, embora sejamos muitos, forma

Confissão, para quê?

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Jesus veio para perdoar e curar.  Ao longo da sua vida perdoou às mais variadas pessoas e, na Cruz, perdoou aos que O matavam: " Pai, perdoai-lhes porque não sabem o que fazem ”… Quis que o Seu perdão estivesse sempre na Igreja, em benefício de todos.  Um dia disse aos Apóstolos: “ Tudo o que ligardes na terra, será ligado nos céus; tudo o que desligardes na terra, será desligado nos céus ” (Mt. 18, 18).  No dia de Páscoa , dir-lhe-á: “ A quem perdoardes os pecados os pecados serão perdoados …”.  Confiou-lhes, assim, a tarefa de continuar a perdoar e a reconciliar em seu nome pois de cada vez que se celebra devidamente este Sacramento , Ele mesmo o retifica junto do Pai. Foi assim que os Apóstolos compreenderam e praticaram. Ainda hoje a Igreja continua a perdoar através do Sacramento do Perdão .  Bem vivido, é fonte de alegria e paz. Vale a pena experimentar. ***** Diz a Sagrada Escritura: « Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ficarão perdoad

Sobre a formação litúrgica dos fiéis (1)

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No dia 4 de Dezembro de 1963, durante a III Sessão pública, o  II Concílio Ecuménico do Vaticano  aprovou a  Constituição « Sacrosanctum Concilium »  sobre a  Sagrada Liturgia , a qual abriu o caminho para uma profunda reforma da Liturgia da Igreja Católica Apostólica Romana. Foi o primeiro documento a ser votado, e dado o reduzidíssimo número de votos contra (4 non placet), em comparação com os votos a favor (2147 placet), este tema foi o único aprovado sem resistência pelos bispos do Concílio e adoptado quase por unanimidade.  Desde então, permanece em contínua transformação, conforme prevê o mesmo documento: « Na verdade, a Liturgia compõe-se duma parte imutável, porque de instituição divina, e de partes susceptíveis de modificação, as quais podem e devem variar no decorrer do tempo, se porventura se tiverem introduzido nelas elementos que não correspondam tão bem à natureza íntima da Liturgia ou se tenham tornado menos apropriados. » (SC, 21) A propósito da educação/forma

Aumentar a nossa fé na Igreja

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"Hoje, gostaria de encetar algumas catequeses sobre o mistério da Igreja, mistério que todos nós vivemos e do qual fazemos parte. Gostaria de o fazer com expressões bem presentes nos textos do Concílio Ecuménico Vaticano II .  Hoje, a primeira: a Igreja como família de Deus. A própria palavra «Igreja», do grego « ekklesia », significa « convocação »: Deus convoca-nos, impele-nos a sair do individualismo, da tendência de nos fecharmos em nós mesmos, e chama-nos a fazer parte da sua família. […] Ainda hoje alguns dizem: « Cristo sim, a Igreja não ». Como aqueles que dizem: « Creio em Deus, mas não nos sacerdotes ». Mas é precisamente a Igreja que nos traz Cristo e que nos leva a Deus; a Igreja é a grande família dos filhos de Deus.  Sem dúvida, ela também tem aspetos humanos; naqueles que a compõem, pastores e fiéis, existem defeitos, imperfeições e pecados; até o Papa os tem, e tem tantos! Mas é bom saber que, quando nos damos conta de que somos pecadores, encontramos a miser

«Pedi, pois, ao Senhor da messe que envie trabalhadores para a sua messe» (Lc 10,2)

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“Naquele tempo, designou o Senhor setenta e dois discípulos e enviou-os dois a dois à sua frente, a todas as cidades e lugares aonde Ele havia de ir. E dizia-lhes: « A seara é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi ao dono da seara que mande trabalhadores para a sua seara. Ide: Eu vos envio como cordeiros para o meio de lobos. Não leveis bolsa nem alforge nem sandálias, nem vos demoreis a saudar alguém pelo caminho. Quando entrardes nalguma casa, dizei primeiro: "Paz a esta casa". E se lá houver gente de paz, a vossa paz repousará sobre eles; senão, ficará convosco. Ficai nessa casa, comei e bebei do que tiverem, que o trabalhador merece o seu salário. Não andeis de casa em casa. Quando entrardes nalguma cidade e vos receberem, comei do que vos servirem, curai os enfermos que nela houver e dizei-lhes: "Está perto de vós o reino de Deus"». Mas quando entrardes nalguma cidade e não vos receberem, saí à praça pública e dizei: "Até o pó

«Ide vós também para a minha vinha»

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“Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos a seguinte parábola: « O Reino dos Céus pode comparar-se a um proprietário, que saiu muito cedo a contratar trabalhadores para a sua vinha .» (Mt. 20,1) Ler+ ***** «Ide vós também para a minha vinha» “Esta parábola trata da conversão dos homens a Deus, alguns desde tenra idade, outros um pouco mais tarde e alguns somente na velhice. Cristo reprime o orgulho dos primeiros e impede-os de censurar os da décima primeira hora, mostrando-lhes que todos têm a mesma recompensa. Ao mesmo tempo, estimula o zelo dos últimos, mostrando-lhes que podem merecer o mesmo salário que os primeiros. O Salvador tinha acabado de falar da renúncia às riquezas e do desprezo por todos os bens, virtudes que exigem coragem e um coração grande. Precisava, por isso, de estimular o ardor de uma alma cheia de juventude; para tal, o Senhor reacende nos seus ouvintes a chama da caridade e fortalece-lhes a coragem, mostrando-lhes que mesmo os que chegaram por

Cristo chama todos os homens a abrirem-se ao perdão de Deus

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Cristo chama todos os homens a abrirem-se ao perdão de Deus “Podereis dizer-me: mas a Igreja é formada por pecadores, como vemos todos os dias. É verdade: somos uma Igreja de pecadores; e nós, pecadores, somos chamados a deixar-nos transformar, renovar e santificar por Deus . No decurso da história, houve quem se sentisse tentado a afirmar: a Igreja é apenas a Igreja dos puros, daqueles que são totalmente coerentes; os outros devem ser afastados. Isto não é verdade. É uma heresia! A Igreja , que é santa, não rejeita os pecadores; não afasta nenhum de nós; e não os rejeita porque chama e acolhe todos, está aberta também aos distantes, chama todos a deixarem-se abraçar pela misericórdia, pela ternura e pelo perdão do Pai, que oferece a todos a possibilidade de o encontrar, de caminhar rumo à santidade. […] Na Igreja , o Deus que encontramos não é um Juiz cruel; é como o pai da parábola evangélica (Lc 15,11s). Tu podes ser como o filho que saiu de casa, que tocou no fundo

A firmeza da Igreja

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  “ Também Eu te digo: tu és Pedro; sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do Inferno não prevalecerão contra ela. Dar-te-ei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que ligares na Terra será ligado nos Céus, e tudo o que desligares na Terra será desligado nos Céus ». Então, Jesus ordenou aos discípulos que não dissessem a ninguém que Ele era o Messias.” (Mt 16, 18-20) ***** A firmeza da Igreja “Sentimo-nos cheios de segurança na cidadela da Santa Igreja . [...] Nunca as promessas de Cristo deixaram de se cumprir; [...] pelo contrário, mostram-se-nos ainda mais consolidadas pelas provas de tantos séculos e as vicissitudes de tantos acontecimentos. Os reinos e os impérios desmoronaram-se; povos que a glória do seu nome e da sua civilização tinha tornado célebres desapareceram. Assistimos à desagregação de nações, como que esmagadas pela própria vetustez. Mas a Igreja é, por natureza, imortal; o laço que a liga a seu celeste Esposo não se quebrará jamais,

«O Reino dos Céus pode comparar-se a um rei que preparou um banquete nupcial para o seu filho»

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  “Naquele tempo, Jesus dirigiu-Se de novo aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos do povo e, falando em parábolas, disse-lhes: « O Reino dos Céus pode comparar-se a um rei que preparou um banquete nupcial para o seu filho. Mandou os servos chamar os convidados para as bodas, mas eles não quiseram vir. ” (Mt 22, 1-3) Banquete das núpcias do filho do rei “Há três tipos de núpcias: de união, de justificação e de glorificação. As primeiras foram celebradas no templo da  Virgem Maria ; as segundas são celebradas diariamente no templo da alma fiel; as terceiras serão celebradas no templo da glória celeste. Aquilo que é próprio das núpcias é unir duas pessoas: o esposo e a esposa. Quando duas famílias estão em conflito, em geral, o casamento une-as, porque o homem de uma delas toma uma mulher pertencente à outra. Entre nós e  Deus , havia uma grande discórdia; para a eliminar e estabelecer a paz, foi necessário que o  Filho de Deus  tomasse esposa na nossa parentela. Este c

«Mas tu vais guardar silêncio...»

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«Mas tu vais guardar silêncio [...] até ao dia em que tudo isto aconteça, por não teres acreditado nas minhas palavras». Em nós, a voz e a palavra não são a mesma coisa, porque a voz pode fazer-se ouvir sem conferir sentido, sem palavras, e a palavra pode ser transmitida ao espírito sem voz, como acontece quando pensamos.  Da mesma maneira, sendo o Salvador a Palavra [...], João difere dele por ser a voz, por analogia com Cristo, que é a Palavra. É isso que o próprio João responde àqueles que lhe perguntam quem é ele: «Eu sou a voz do que brada no deserto: " Aplanai o caminho do Senhor "» (Jo 1,23). Talvez seja por isso, por ter duvidado do nascimento dessa voz que viria a revelar a Palavra de Deus, que Zacarias perdeu a voz, recuperando-a quando nasceu esta voz que é o precursor da Palavra (cf Lc 1,64).  É que, para poder captar a palavra que a voz designa, o espírito tem de ouvir a voz. É também por isso que João é um pouco mais velho do que Cristo; com efeito, ouv

Importância do que é pequeno

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A propósito do texto do Evangelho segundo S. Mateus (13, 24-43), do XVI Domingo do Tempo Comum – Ano A ( A força transformadora do que é pequeno, simples e humilde ), transcrevemos o seguinte texto: «Ao cristianismo causou muito dano, ao longo dos séculos, o triunfalismo, a sede de poder e o afã de se impor aos seus adversários. Todavia há cristãos que anseiam por uma Igreja poderosa que encha os templos, conquiste as ruas e imponha a sua religião a toda a sociedade. Temos de voltar a ler duas pequenas parábolas em que Jesus deixa claro que a tarefa dos seus seguidores não é construir uma religião poderosa, mas pôr-se ao serviço do projecto humanizador do Pai (o reino de Deus), semeando pequenas “sementes” de Evangelho e introduzindo-se na sociedade como pequeno “fermento” de vida humana. A primeira parábola fala de um grão de mostarda que se semeia num terreno. Que tem de especial esta semente? Que é a mais pequena de todas, mas, quando cresce, converte-se num ar

Uma Igreja em mudanças

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O que é a Igreja? Quem sabe? A primeira ideia que vem ao pensamento é a do edifício com campanário ou então o Papa e os bispos. É uma organização, dizem muitos. E, é verdade, também é uma organização que existe unicamente para a missão que Cristo lhe confiou: «- Ide, ensinai, baptizai…». Uma organização com hábitos, tradições, que podem mudar ao mesmo tempo que mudam as exigências da missão: os primeiros cristãos, vindos do judaísmo, renunciaram à circuncisão, embora importante para eles, porque impedia a adesão dos pagãos à Igreja. Quantas discussões, sofrimentos…   isso provocou. A fidelidade ao mandamento missionário de Cristo foi, porém, mais forte. Mudar é correr riscos. A Igreja não existe para defender tradições mas para levar a todos a Boa Nova do Evangelho que a faz viver. O Evangelho é a sua única norma. Correrá riscos se não atender às palavras de Jesus: « Porque tendes medo? Não acreditais? ». ***** Diz a Sagrada Escritura: « Todos nós, embora sej

Igreja e Política

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A palavra de Jesus é clara: “ Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus ” (Mt. 22, 21). Jesus não foi um político nem os seus ensinamentos o são, manteve independência perante os partidos políticos do seu tempo, separou o “religioso” do “político”, rejeitou o carácter sagrado do poder político… Também a Igreja, “ em razão da sua missão e competência, de modo algum (…) está ligada a qualquer sistema político, (…) é (antes) sinal e salvaguarda da transcendência da pessoa ”. São duas realidades “ independentes e autónomas ”. (GS, 76) Não tem nenhum partido político mas exclui liminarmente aqueles em que a “ autoridade política assuma formas totalitárias ou ditatoriais, que lesam os direitos das pessoas ou dos grupos sociais ” (CS. 75)… Reclama, sim, o direito de viver, anunciar permanentemente a sua doutrina e de denunciar tudo o que não respeite os direitos humanos. ***** Diz a Sagrada Escritura: « Dai a cada um o que lhe é devido: o imposto a qu

Povo Sacerdotal

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Antes do Concílio Vaticano II , a imagem que a Igreja dava de si mesma era a de uma pirâmide: no cimo o Papa, na base, os cristãos e, entre os dois, os bispos, padres e religiosos/as. Esta visão puramente hierárquica, herdada das religiões pagãs, o Concílio a substituiu pela bíblica – “Povo de Deus”: Deus revela-se a seu Povo com quem faz alianças. Um povo que não é formado por uma hierarquia poderosa e por membros passivos mas por todos os baptizados, ungidos na mesma comunhão fraterna e todos igualmente responsáveis pelo anúncio do Evangelho. Os membros não exercem as mesmas funções mas, em dignidade, são todos iguais e «todos participam no “ único sacerdócio de Cristo ”». Somos, por isso, um Povo sacerdotal. Na Eucaristia , por exemplo, não é o presidente o único celebrante. A assembleia dos baptizados, a que ele preside também celebra, de acordo com as suas funções. ***** Diz a Sagrada Escritura: «Então, abriram-se os céus e Jesus viu o Espírito de Deus descer como uma

A Igreja no mundo

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O Concílio Vaticano II procurou colocar a Igreja no seu tempo, no mundo.  O último grande Concílio – e que continuava a influenciar o mundo cristão – foi o de Trento , marcado pela polémica com o protestantismo e a divisão. Quando hoje abrimos os manuais de teologia anteriores ao Vaticano II, constatamos como nós, católicos, nos sentimos atacados pelos primeiros reformadores e pelo modernismo.  Os teólogos deviam estar preparados para defenderem vigorosamente a doutrina católica. Saímos dos Seminários preparados para, na polémica, “jogarmos à defesa”.  A revelação divina praticamente reduzia-se aos ensinamentos do Magistério que nos propunha a doutrina a saber e a procurar viver. Estas perspetivas foram abandonadas no último Concílio.  A Igreja tem de falar a linguagem do seu tempo e de cada povo. Tarefa permanente que nos obriga a olhar o mundo e a ser solidária da humanidade, nas suas alegrias e dificuldades. ***** Diz a Sagrada Escritura: « Pela sua morte na Cruz, Cris