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«O deserto e a terra árida vão alegrar-se, a estepe exultará e dará flores» (Is 35,1)

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« Uma voz clama no deserto: ‘Preparai o caminho do Senhor ’». Irmãos, reflitamos antes de mais na graça da solidão, na beatitude do deserto, que mereceu ser consagrado ao repouso dos santos desde o começo da era da salvação. É verdade que o deserto foi santificado para nós pela «voz [que] clama no deserto», João Batista, que pregava e administrava um batismo de penitência; mas já antes dele os profetas mais santos tinham amado a solidão enquanto local favorável ao Espírito. Porém, este local recebeu uma graça de santificação incomparavelmente maior quando Jesus tomou o lugar de João (Mt 4,1). […] Ele permaneceu no deserto durante quarenta dias, como que para purificar e consagrar este local a uma vida nova; venceu o déspota que o assombrava […], não tanto por si, mas por aqueles que, no futuro, aí habitariam. […] Portanto, espera no deserto Aquele que te salvará do medo e das tempestades; quaisquer que sejam os combates que sobre ti se abatam, quaisquer que sejam as privações qu

«O Verbo era a luz verdadeira que, ao vir ao mundo, a todo o homem ilumina» (Jo 1,9)

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Este dia que o Senhor fez (Sl 117,24) penetra em todas as coisas e tudo contém, abarcando o Céu, a Terra e os infernos! A luz que é Cristo não é detida por muros, nem anulada pelos elementos, nem ofuscada pelas trevas. A luz de Cristo é um dia sem noite, um dia sem ocaso, que resplandece em toda a parte, que em toda a parte irradia e permanece. Cristo é o dia, afirma o apóstolo Paulo: «A noite vai avançada e aproxima-se o dia» (Rom 13,12). A noite vai avançada, afirma ele, e precede o dia. Significa isto que, quando aparece a luz de Cristo, as trevas do demónio se dispersam e a noite do pecado se detém: o esplendor eterno expulsa as sombras do passado e detém o progresso dissimulado do mal. A Escritura atesta que o dia de Cristo ilumina o Céu, a Terra e os infernos. Este dia brilha na Terra: «Ele era a luz verdadeira que, ao vir ao mundo, a todo o homem ilumina» (Jo 1,9); resplandece nos infernos: «O povo que andava nas trevas viu uma grande luz» Is 9,1); e, no Céu, o dia pe

Escutar para pôr em prática

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"O Pai celeste disse uma única palavra: o seu Filho. Disse-a eternamente e num eterno silêncio. É no silêncio da alma que Ele Se faz ouvir. Falai pouco e não vos metais em assuntos sobre os quais não fostes interrogados. Não vos queixeis de ninguém; não façais perguntas ou, se for absolutamente necessário, que seja com poucas palavras. Procurai não contradizer ninguém e não vos permitais nenhuma palavra que não seja pura. Quando falardes, que seja de modo a não ofender ninguém e não digais senão coisas que possais dizer sem receio diante de toda a gente. Tende sempre paz interior e uma atenção amorosa para com Deus; e, quando for necessário falar, que seja com a mesma calma e a mesma paz.       Guardai para vós o que Deus vos diz e lembrai-vos desta palavra da Escritura : «O meu segredo é meu» (Is 24,16). [...]       Para avançar na virtude, é importante calar e agir, porque, falando, as pessoas distraem-se, ao passo que, guardando silêncio e trab

«Tenho pena desta multidão»

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Diz-nos a Escritura : « Tens compaixão de todos, pois tudo podes e desvias os olhos dos pecados dos homens, a fim de os levar à conversão. Tu amas tudo quanto existe e não detestas nada do que fizeste. […] Tu poupas a todos, porque todos são teus, ó Senhor, que amas a vida! » (Sab 11,23s). Aquilo que O fez descer do Céu e receber o nome de Jesus […] foi o seu grande amor pelos homens, a sua compaixão pelos pecadores. Porque haveria de consentir esconder a sua glória num corpo mortal, se não desejasse ardentemente salvar os que se tinham afastado, os que tinham perdido por completo a esperança da salvação? Ele próprio declara: « O Filho do homem veio procurar e salvar o que estava perdido » (Lc 19,10). Para não nos deixar perecer, Ele fez tudo o que pode fazer um Deus omnipotente, segundo os seus atributos divinos: deu-Se a Si mesmo. Ele ama-nos a todos de tal maneira, que quer dar a vida por cada um de nós, e de forma tão absoluta e tão plena por cada um, como se não houvess