NATAL!

Nasce mais uma vez, Menino Deus! Não faltes, que me faltas Neste inverno gelado. Nasce nu e sagrado No meu poema, Se não tens outro presépio Mais agasalhado. Nasce e fica comigo Secretamente, Até que eu, infiel, te denuncie Aos Herodes do mundo. Até que eu, incapaz De me calar, Devasse os versos e destrua a paz Que agora sinto, só de te sonhar. Miguel Torga Coimbra, 24 de Dezembro de 1987