Acolher e partilhar a paz de Jesus Ressuscitado | Mensagem de D. António Augusto Azevedo para a Páscoa de 2022
“Acolher e
partilhar a paz de Jesus Ressuscitado”
«A paz
esteja convosco!». Foi esta a saudação que Jesus dirigiu aos seus discípulos
nas várias ocasiões em que se manifestou vivo e ressuscitado no meio deles. A
sua presença foi sinal de paz e ajudou-os a superar o medo, a angústia e a
dúvida em que se encontravam. Os discípulos acolheram o dom pascal da paz e
descobriram a missão de o partilhar com toda a humanidade. Desde o início, a
Boa Nova da ressurreição de Jesus foi uma verdadeira Boa Nova de paz.
Após
dois anos em que as celebrações pascais foram condicionadas pela pandemia, este
ano estamos confrontados com o contexto da guerra e suas terríveis
consequências. Nesta Páscoa desejamos que todos acolham a paz que o
Ressuscitado nos veio trazer. Pedimos que todos se convertam à paz e trabalhem
ativa e incansavelmente na sua construção.
Neste
processo de conversão é indispensável não esquecer que a paz transmitida por
Cristo ressuscitado é a paz alcançada por aquele que antes foi crucificado
porque permaneceu fiel à verdade e ao amor até ao fim, porque enfrentou a
injustiça e não recuou perante a violência, daquele que não teve medo da
própria morte porque ofereceu a vida por amor e salvação de todos. A libertação
que Jesus Cristo nos alcançou foi difícil e a paz que Ele nos deixou é
exigente. Está vinculada ao exercício do perdão, à busca da reconciliação, à
prática da misericórdia. Conjuga-se sempre com vida plena, liberdade e
fraternidade e não se confunde nunca com ódio, violência, tirania ou qualquer
tipo de opressão.
A paz
que celebramos e acolhemos na Páscoa é luminosa, enchendo de luz os corações
que a ela se convertem e pode ser também iluminadora para a humanidade.
Não se trata, porém, de uma luz comparável à das falsas utopias,
das retóricas vazias, das hipocrisias dominadas pelos interesses, porque o
brilho destas rapidamente fica obscurecido pelas suas contradições. Aquela paz
que Jesus nos deixou não é como a do mundo, mas é genuína e profunda. Cada
crente que celebra a Páscoa e nela faz, de vela acesa, a renovação da sua
profissão de fé batismal, assume o compromisso de partilhar a luz pascal
e de tudo fazer para semear eficazmente a paz no seio da sociedade humana.
No
Evangelho, aquelas e aqueles que acolheram o dom da paz do Ressuscitado experimentaram
uma alegria indescritível. Da mesma forma, hoje, apesar da pandemia e da
guerra, não podemos deixar de celebrar a Páscoa com alegria. A razão
determinante dessa alegria é o acontecimento da ressurreição de Jesus, centro
da nossa fé e fundamento da nossa esperança. Confirmamos a certeza de que Deus
não desistiu de salvar a todos e cada um, não desistiu de resgatar esta
humanidade, apesar dos seus erros e contradições. Por outro lado, a
possibilidade de realização das celebrações pascais de modo presencial
constitui um motivo acrescido para o nosso contentamento. Celebremos esta
Páscoa com alegria, sem deixar de rezar pelas vítimas das guerras e por todas
as pessoas que não poderão viver esta Páscoa com normalidade, junto da sua
família, na sua comunidade ou na sua terra. Celebremos esta Páscoa em segurança
não descurando o cumprimento das regras sanitárias.
A
tradição cristã lembra-nos que aqueles que acolheram a luz pascal se
congregaram em comunidade de crentes. De facto a Igreja nasceu na Páscoa,
marcada pela experiência forte da presença do Ressuscitado e disponível para
ser enviada pela moção do Espírito. Que esta Páscoa signifique o retorno dos
cristãos a uma maior vivência comunitária e represente a reativação dos
dinamismos pascais, próprios de cada comunidade cristã.
Por
feliz coincidência a nossa diocese celebrará na semana da Oitava da Páscoa, a
20 de abril, o dia centenário da sua criação. A alegria pascal prolongar-se-á,
por isso, em ação de graças pela vida cristã que frutificou ao longo dos anos
nesta comunidade diocesana. Como Igreja Local somos parte da história bela e
grandiosa que começou na manhã de Páscoa e continuará até ao fim dos tempos. A
todos os diocesanos reitero o convite a que vivamos este momento de centenário
com profundo júbilo espiritual e reforcemos a nossa comunhão na mesma fé pascal
e no mesmo Espírito que faz de nós um só corpo.
Que Deus
a todos abençoe e conceda saúde, alegria e paz.
Votos de Santa e Feliz Páscoa.
Vila Real, 6 de abril de 2022
+António Augusto de Oliveira Azevedo