«Não vá o sapateiro além da sandália»
Conta-se que certo pintor, querendo imprimir um maior realismo às suas obras, elaborou um estratagema: antes de terminar qualquer uma delas, colocava-as num local público, enquanto que ele, escondido, resgistava as opiniões, os comentários e críticas ou sugestões que os transeuntes faziam.
Um dia, passam pelo local dois indivíduos e um deles, sapateiro de profissão, fez alguns reparos técnicos, pertinentes, sobre as sandálias que as figuras pintadas na tela traziam calçadas. O pintor ouviu, registou e, no silêncio do seu atelier, fez as alterações sugeridas pelo sapateiro.
No dia seguinte, os mesmos dois indivíduos voltam a passar junto da tela, e o sapateiro, vendo que o pintor tinha feito, de acordo com os seus reparos, alterações às sandálias pintadas, achou-se no direito de começar a criticar a obra e a dar a sua opinião, não fundamentada, sobre as cores escolhidas, a luminosidade da obra, as formas utilizadas, o estilo, etc., etc.
Escondido ali perto, e depois de ouvir tanto disparate, o pintor não se conteve e, mostrando-se, disse: «Não vá o sapateiro além da sandália».
Como diz o nosso povo, «Para bom entendedor, meia palavra basta!».