«A vossa palavra omnipotente» (Sb 18,15)
"Naquele
tempo, Jesus desceu a Cafarnaum, cidade da Galileia, e ali ensinava aos
sábados.
Todos se
maravilhavam com a sua doutrina, porque falava com autoridade.
Encontrava-se
então na sinagoga um homem que tinha um espírito de demónio impuro, que bradou
com voz forte:
«Ah! Que tens que ver connosco, Jesus de
Nazaré? Vieste para nos destruir? Eu sei quem Tu és: o Santo de Deus».
Disse-lhe
Jesus em tom severo: «Cala-te e sai desse
homem». O demónio, depois de o ter arremessado para o meio dos presentes,
saiu dele sem lhe fazer mal nenhum.
Todos se
encheram de assombro e diziam entre si: «Que
palavra esta! Ordena com autoridade e poder aos espíritos impuros e eles saem!».
E a fama
de Jesus espalhava-se por todos os lugares da região." (Lc. 4,31-37)
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«A vossa palavra omnipotente» (Sb 18,15)
“Deus é
espírito (Jo 5,24).
Aquele
que é espírito gerou, pois, espiritualmente [...], por uma geração simples e
incompreensível. O próprio Filho diz
do Pai: «O Senhor disse-Me: "Tu és meu Filho, hoje mesmo Te gerei"»
(Sl 2,7).
Este hoje
não é recente, mas eterno; este hoje não é deste tempo, mas de todos os
séculos.
«Desde o dia do teu nascimento, receberás o
principado no esplendor sagrado, desde o seio materno, desde a aurora da tua
infância» (Sl 109,3).
Crê,
pois, em Jesus Cristo, Filho do Deus vivo, mas Filho único,
como afirma o Evangelho: «Porque Deus amou de tal modo o mundo que lhe
deu o seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a
vida eterna» (Jo 3,16). [...]
São João afirma a este propósito:
«E nós vimos a sua glória, glória que Lhe
vem do Pai, como Filho único cheio de graça e de verdade» (Jo 1,14).
Os
próprios demónios, tremendo à sua frente, gritavam: «Ah! Que tens que ver connosco, Jesus de Nazaré? Sei quem Tu és: o Santo
de Deus». Ele é, portanto, Filho de Deus por natureza e não por adoção,
pois nasceu do Pai. [...]
O Pai, Deus verdadeiro, gerou o Filho à
sua semelhança, Deus verdadeiro. [...]
O Pai
gerou o Filho de forma diferente de como nos homens o espírito gera a palavra;
pois o espírito subsiste em nós, enquanto a palavra, uma vez pronunciada, se
desvanece.
Ora, nós
sabemos que Cristo foi gerado «pela palavra de Deus vivo e eterno» (1Pe
1,23), nascida do Pai eternamente, de modo inexprimível, da mesma natureza que
Ele: «No princípio existia o Verbo e o
Verbo era Deus» (Jo 1,1).
Palavra que contém a vontade do
Pai e cria todas as coisas por sua ordem; Palavra
que desce e que volta (cf Is 55,11); [...]
Palavra
cheia de autoridade e que tudo rege, porque Jesus sabia que o Pai depositara
todas as coisas nas suas mãos (cf Jo 13,3).”
São Cirilo de Jerusalém
(313-350), bispo de Jerusalém, doutor da Igreja | Catequeses baptismais, n.°
11, 5-10 | Imagem