Acompanhavam-no os Doze e algumas mulheres
“Naquele
tempo, Jesus ia caminhando por
cidades e aldeias, a pregar e a anunciar a boa nova do Reino de Deus.
Acompanhavam-no os Doze, bem como algumas mulheres que tinham sido curadas de
espíritos malignos e de enfermidades. Eram Maria, chamada Madalena, de quem
tinham saído sete demónios,
Joana,
mulher de Cusa, administrador de Herodes, Susana e muitas outras, que serviam
Jesus e os discípulos com os seus bens.” (Lc 8,1-3)
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Acompanhavam-no os Doze e algumas mulheres
Também no
âmbito da Igreja primitiva a presença feminina não é de modo algum secundária. [...]
Devemos a
São Paulo a mais ampla documentação
sobre a dignidade e o papel eclesial da mulher. Ele parte do princípio
fundamental segundo o qual, para os batizados, não só «não há judeu nem grego, não há escravo nem livre», como também «não há homem nem mulher».
O motivo
é que «todos somos um só em Cristo Jesus»
(Gal 3,28), ou seja, estamos todos irmanados pela mesma dignidade de fundo,
embora cada um tenha funções específicas (cf 1Cor 12,27-30).
O
apóstolo admite como algo normal que, na comunidade cristã, a mulher possa
«profetizar» (1Cor 11,5), isto é, pronunciar-se abertamente sob o influxo do Espírito, contanto que isto seja para a
edificação da comunidade e feito de modo digno. [...]
Já
encontrámos a figura de Prisca ou Priscila, esposa de Áquila, que em dois casos
é surpreendentemente mencionada antes do marido (cf At 18,18; Rom 16,3); de
qualquer maneira, ambos são explicitamente qualificados por Paulo como seus «colaboradores» (cf Rom 16,3). [...]
É necessário
reconhecer também que a breve Carta a
Filémon é, na realidade, endereçada por Paulo também a uma mulher chamada «Ápia» (cf Film 1,2). [...]
Na
comunidade de Colossos, ela devia ocupar um lugar de relevo; de qualquer forma,
é a única mulher mencionada por Paulo
entre os destinatários de uma carta sua.
Noutro
lugar, o apóstolo menciona uma certa «Febe»,
qualificada como diákonos da Igreja de
Cêncreas (cf Rom 16,1-2). [...] Embora o título não tenha, naquele tempo,
um específico valor ministerial de tipo hierárquico, expressa um autêntico
exercício de responsabilidade desta mulher em favor daquela comunidade cristã.
[...]
No mesmo
contexto epistolar, o apóstolo recorda com traços de delicadeza outros nomes de
mulheres: uma certa Maria, depois Trifena, Trifosa e a «querida» Pérside, além de Júlia (cf Rom 16,6.12a.12b.15). [...]
Depois,
na Igreja de Filipos, deviam
distinguir-se duas mulheres chamadas «Evódia
e Síntique» (Fil 4,2): a exortação que Paulo
faz à concórdia recíproca deixa entender que as duas mulheres tinham uma função
importante no interior daquela comunidade.
Em
síntese, a história do cristianismo teria tido um desenvolvimento muito
diferente, se não fosse o generoso contributo de muitas mulheres.
Bento XVI
| papa de 2005 a 2013 | Audiência geral de 14/02/07 (trad. © Libreria Editrice
Vaticana) (rev.) | Imagem