«Quando despertou do sono, José fez como o Anjo do Senhor lhe ordenara»
O
clima de silêncio que acompanha tudo o que se refere à figura de José estende-se também ao trabalho de
carpinteiro na casa de Nazaré. É um silêncio que desvenda de maneira especial o
perfil interior desta figura. Os evangelhos falam exclusivamente daquilo que
José fez; mas permitem-nos auscultar nas suas ações, envolvidas pelo silêncio,
um clima de profunda contemplação. José estava quotidianamente em contacto com
o mistério «escondido desde todos os
séculos», que «estabeleceu a sua morada» sob o teto de sua casa (Col 1,26;
Jo 1,14). [...]
Uma
vez que o amor paterno de José não podia deixar de influir sobre o amor filial
de Jesus e, reciprocamente, o amor filial de Jesus não podia deixar de influir
sobre o amor paterno de José, como chegar a conhecer as profundezas desta
singularíssima relação? As almas mais sensíveis aos impulsos do amor divino
veem com muita razão em José um exemplo luminoso de vida interior. Mais ainda,
a aparente tensão entre a vida ativa e a vida contemplativa tem em José uma
superação ideal, possível para quem possui a perfeição da caridade. Atendo-nos
à conhecida distinção entre o amor da verdade e as exigências do amor, podemos
dizer que José experimentou, quer o amor da verdade, ou seja, o puro amor de
contemplação da Verdade divina que irradiava da humanidade de Cristo, quer as
exigências do amor, isto é, o amor igualmente puro do serviço, requerido pela
proteção e pelo desenvolvimento dessa mesma humanidade.
São
João Paulo II (1920-2005), papa | Carta apostólica «Redemptoris Custos», §§ 25-27 (trad. © copyright Libreria Editrice
Vaticana)
São João Paulo II
«São João Paulo II levou a uma vida
inteiramente dedicada a Deus, principalmente os seus mais de 25 anos de
pontificado
São João Paulo II
nasceu no dia 18 de Maio de 1920, em Wadowice, na Polónia. Foi batizado com o
nome de Karol Wojtyła.
Em
Outubro de 1942, entrou no seminário de Cracóvia clandestinamente, por causa da
invasão comunista em seu país, e a 1º de Novembro de 1946, foi ordenado
sacerdote. Em 4 de Julho de 1958, o Papa Pio XII nomeou-o Bispo auxiliar de Cracóvia. Tendo em vista sua
espiritualidade marcadamente mariana, Karol escolheu como lema episcopal a
conhecida expressão Totus tuus, de São Luís
Maria Grignion de Montfort, grande apóstolo da Virgem Maria. A ordenação episcopal de Wojtyla foi em 28 de
Setembro do mesmo ano. No dia 13 de Janeiro de 1964, foi eleito Arcebispo de
Cracóvia. Em 26 de Junho de 1967, foi criado Cardeal por Paulo VI. Na tarde de 16 de Outubro de 1978, depois de oito
escrutínios, foi eleito Papa.
A
espiritualidade mariana do grande São João Paulo II o levou a uma vida
inteiramente dedicada a Deus, principalmente os seus mais de 25 anos de
pontificado, um dos mais longos da história da Igreja. Olhando para a vida de
João Paulo II, este santo dos nossos dias, podemos aprender a espiritualidade
que o fez de um dos Papas mais extraordinários de todos os tempos e que o
elevou rapidamente à glória dos altares.
Ainda
seminarista, um livro clássico de espiritualidade mariana o ajudou a tirar as
dúvidas que tinha em relação a devoção a Nossa Senhora e a centralidade de
Jesus Cristo na vida e na espiritualidade católica.
A
obra que marcou profundamente a vida e consequentemente a espiritualidade de
Karol Wojtyla foi o “Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem”, de São Luís Maria Grignion de Montfort. Falando às Famílias Monfortinas, o Papa João
Paulo II disse que o Tratado é um “texto clássico da espiritualidade mariana”,
que teve singular importância em seu pensamento e em sua vida. Segundo o Santo
Padre, o Tratado é uma “obra de eficiência extraordinária para a difusão da
‘verdadeira devoção’ à Virgem Santíssima”. São João Paulo II experimentou e
testemunhou essa eficácia do Tratado em sua própria vida:
“Eu
próprio, nos anos da minha juventude, tirei grandes benefícios da leitura deste
livro, no qual “encontrei a resposta às minhas perplexidades” devidas ao receio
que o culto a Maria, “dilatando-se excessivamente, acabasse por comprometer a
supremacia do culto devido a Cristo”. Sob a orientação sábia de São Luís Maria
compreendi que, quando se vive o mistério de Maria em Cristo, esse risco não
subsiste. O pensamento mariológico do Santo, de fato, “está radicado no
Mistério trinitário e na verdade da Encarnação do Verbo de Deus”.» Fonte