Consequências sociais do Evangelho
Põe em prática a ciência
De viver em harmonia
Com a tua consciência.
A que chamamos fé,
Segue o exemplo de Tomé
E grita: “Senhor, eu creio”.
GAUDIUM ET SPES
SOBRE A IGREJA NO MUNDO ACTUAL
75. É
plenamente conforme com a natureza do homem que se encontrem estruturas
jurídico-políticas nas quais todos os cidadãos tenham a possibilidade efetiva
de participar livre e ativamente, dum modo cada vez mais perfeito e sem
qualquer discriminação, tanto no estabelecimento das bases jurídicas da
comunidade política, como na gestão da coisa pública e na determinação do campo
e fim das várias instituições e na escolha dos governantes.
Todos os
cidadãos se lembrem, portanto, do direito e simultaneamente do dever que têm de
fazer uso do seu voto livre em vista da promoção do bem comum.
A Igreja
louva e aprecia o trabalho de quantos se dedicam ao bem da nação e tomam sobre
si o peso de tal cargo, em serviço dos homens.
Para que a
cooperação responsável dos cidadãos leve a felizes resultados na vida pública
de todos os dias, é necessário que haja uma ordem jurídica positiva, que
estabeleça convenientemente divisão das funções e dos órgãos da autoridade
pública e ao mesmo tempo proteção do direito eficaz e plenamente independente
de quem quer que seja.
Juntamente
com os deveres a que todos os cidadãos estão obrigados, sejam reconhecidos,
assegurados e fomentados os direitos das pessoas, famílias e grupos sociais,
bem como o exercício dos mesmos.
Entre
aqueles, é preciso recordar o dever de prestar à nação os serviços materiais e
pessoais que são requeridos pelo bem comum.
Os
governantes tenham o cuidado de não impedir as associações familiares, sociais
ou culturais e os corpos ou organismos intermédios, nem os privem da sua atividade
legítima e eficaz; pelo contrário, procurem de bom grado promovê-la
ordenadamente.
Evitem,
por isso, os cidadãos quer individual quer associativamente, conceder à
autoridade um poder excessivo, nem lhe peçam, de modo inoportuno, demasiadas
vantagens e facilidades, de modo a que se diminua a responsabilidade das
pessoas, famílias e grupos sociais.
A
crescente complexidade das atuais circunstâncias força com frequência o poder
público a intervir nos assuntos sociais, económicos e culturais, com o fim de
introduzir condições mais favoráveis em que os cidadãos e grupos possam
livremente e com mais eficácia promover o bem humano integral.
As relações
entre a socialização e a autonomia e desenvolvimento pessoais podem conceber-se
diferentemente, conforme a diversidade das regiões e o grau de desenvolvimento
dos povos.
Mas
quando, por exigência do bem comum, se limitar temporariamente o exercício dos
direitos, restabeleça-se quanto antes a liberdade, logo que mudem as
circunstâncias.
É, porém,
desumano que a autoridade política assuma formas totalitárias ou ditatoriais,
que lesam os direitos das pessoas ou dos grupos sociais.
Os
cidadãos cultivem com magnanimidade e lealdade o amor da pátria, mas sem
estreiteza de espírito, de maneira que, ao mesmo tempo, tenham sempre presente
o bem de toda a família humana, que resulta das várias ligações entre as raças,
povos e nações.
Todos os
cristãos tenham consciência da sua vocação especial e própria na comunidade
política; por ela são obrigados a dar exemplo de sentida responsabilidade e
dedicação pelo bem comum, de maneira a mostrarem também com factos como se
harmonizam a autoridade e a liberdade, a iniciativa pessoal e a solidariedade
do inteiro corpo social, a oportuna unidade com a proveitosa diversidade.
Reconheçam
as legítimas opiniões, divergentes entre si, acerca da organização da ordem
temporal, e respeitem os cidadãos e grupos que as defendem honestamente.
Os
partidos políticos devem promover o que julgam ser exigido pelo bem comum, sem
que jamais seja lícito antepor o próprio interesse ao bem comum.
Deve
atender-se cuidadosamente à educação cívica e política, hoje tão necessária à
população e sobretudo aos jovens, para que todos os cidadãos possam participar
na vida da comunidade política.
Os que são
ou podem tornar-se aptos para exercer a difícil e muito nobre arte da política,
preparem-se para ela; e procurem exercê-la sem pensar no interesse próprio
ou em vantagens materiais.
Procedam
com inteireza e prudência contra a injustiça e a opressão, contra o arbitrário
domínio de uma pessoa ou de um partido, e contra a intolerância. E dediquem-se
com sinceridade e equidade, mais ainda, com caridade e fortaleza política, ao
bem de todos.
(…)