Sobre a formação litúrgica dos fiéis (1)
No
dia 4 de Dezembro de 1963, durante a III Sessão pública, o II Concílio Ecuménico do Vaticano aprovou a Constituição «Sacrosanctum
Concilium» sobre a Sagrada Liturgia, a qual abriu o
caminho para uma profunda reforma da Liturgia da Igreja Católica Apostólica
Romana.
Foi
o primeiro documento a ser votado, e dado o reduzidíssimo número de votos
contra (4 non placet), em comparação com os votos a favor (2147 placet), este
tema foi o único aprovado sem resistência pelos bispos do Concílio e adoptado
quase por unanimidade.
Desde
então, permanece em contínua transformação, conforme prevê o mesmo documento:
«Na
verdade, a Liturgia compõe-se duma parte imutável, porque de instituição
divina, e de partes susceptíveis de modificação, as quais podem e devem variar
no decorrer do tempo, se porventura se tiverem introduzido nelas elementos que
não correspondam tão bem à natureza íntima da Liturgia ou se tenham tornado
menos apropriados.» (SC, 21)
A
propósito da educação/formação litúrgica dos fiéis, que é de importância
primordial, pode ler-se nesta Constituição:
«Procurem os pastores de almas fomentar com persistência e zelo a educação litúrgica e a participação activa dos fiéis, tanto interna como externa, segundo a sua idade, condição, género de vida e grau de cultura religiosa, na convicção de que estão cumprindo um dos mais importantes múnus do dispensador fiel dos mistérios de Deus. (…).» (SC, 19)
Passados
quase 54 anos [em 2017] desde a sua aprovação, parece-me que vai sendo tempo de se
refletir e tomar consciência sobre qual é, atualmente, o grau de conhecimento
dos fiéis sobre a Liturgia.
Não
sobre assuntos teológicos relacionados com a Liturgia, que poderão exigir
alguma formação mais profunda (embora necessária e que não faz mal a ninguém…),
mas sim sobre o que poderemos considerar de mais essencial, “mais básico”,
(desculpem-me a expressão), para que qualquer baptizado possa celebrar
dignamente a Eucaristia e participar noutras celebrações.
Quando
não se sabe – porque não se aprendeu ou já se esqueceu - como fazer e/ou porque
é que se faz assim e não de outra maneira, quase sempre se faz por ver fazer os
outros (repetimos o que vemos), embora, muitas vezes, e lamentavelmente, de
forma errada.
E
em vez de se dar um contributo sério e colaborar para a beleza da Liturgia, e ainda que inconscientemente, estamos a
contribuir para que “o culto da majestade divina” (SC, 33) não seja
participado e vivido como deve ser, com toda a dignidade e “nobre
simplicidade” (SC, 34).
Diz
um ditado popular, “Aprender até morrer”!
No
entanto, estou cada vez mais convencido de que nos assuntos relacionados
com a celebração da nossa fé em Jesus Cristo, e depois da caminhada catequética
até à recepção do Sacramento do Crisma (se não se interrompeu antes…), a
“aprendizagem ao longo da vida” e a “formação contínua” são conceitos ou
palavras vãs.
(...)
José Pinto
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