«Do Oriente e do Ocidente virão muitos sentar-se à mesa [...] no reino dos Céus»
«Imagem de Deus invisível»
(Col 1,15), Cristo é o homem perfeito, que restitui aos filhos de Adão a
semelhança divina, deformada desde o primeiro pecado. Pois que a natureza
humana foi n'Ele assumida, e não destruída, também em nós foi ela elevada a
sublime dignidade. Porque, pela sua encarnação, o Filho de Deus uniu-Se de
certo modo a cada homem. Trabalhou com mãos humanas, pensou com uma
inteligência humana, agiu com uma vontade humana, amou com um coração humano.
Nascido da Virgem Maria, tornou-Se verdadeiramente um de nós, semelhante a nós
em tudo, exceto no pecado (Heb 4,15). [...]
O cristão, tornado conforme
à imagem do Filho, que é o primogénito entre a multidão dos irmãos (Rom 8,29),
recebe «as primícias do Espírito» (Rom 8,23), que o tornam capaz de cumprir a
lei nova do amor. Por meio deste Espírito, «penhor da herança» (Ef 1,14), o
homem todo é renovado interiormente, até à «redenção do corpo» (Rom 8,23).
[...] É verdade que, para o cristão, é uma necessidade e um dever lutar contra
o mal através de muitas tribulações, e sofrer a morte; mas, associado ao
mistério pascal, e configurado à morte de Cristo, vai ao encontro da
ressurreição, fortalecido pela esperança.
E o que fica dito não vale
só para os cristãos, mas para todos os homens de boa vontade, em cujos corações
a graça opera ocultamente. Com efeito, já que Cristo morreu por todos (Rom
8,32) e a vocação última de todos os homens é realmente uma só, a saber, a
divina, o Espírito Santo a todos dá a possibilidade de se associarem a este
mistério pascal por um modo só de Deus conhecido.
Concílio Vaticano II | Constituição
«Gaudium et Spes», sobre a Igreja no mundo atual § 22
Concílio Vaticano II: origem e documentos
“O II Concílio do Vaticano
foi convocado pelo papa João XXIII e celebrado sob o seu pontificado e do de
Paulo VI entre 1962 e 1965, ao longo de quatro sessões, aproximadamente uma por
ano, em geral de outubro a dezembro.
Foi o concílio ecuménico
mais representativo dos 21 da história da Igreja, com a participação de mais de
dois mil bispos do mundo.
Por vontade expressa de João
XXIII foi um concílio pastoral, isto é, não foi dedicado a condenar erros mas a
procurar a atualização da doutrina da Igreja face à sociedade contemporânea.
Do encontro resultaram 16
documentos, que se agrupam desta forma: quatro constituições (os de maior
importância), nove decretos e três declarações.” Continuar a ler na fonte
Constituição pastoral “Gaudium Et Spes” Sobre a Igreja no Mundo
“Proémio
Íntima união da Igreja com
toda a família humana
1. As alegrias e as
esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos
pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças,
as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo; e não há realidade alguma
verdadeiramente humana que não encontre eco no seu coração. Porque a sua comunidade
é formada por homens, que, reunidos em Cristo, são guiados pelo Espírito Santo
na sua peregrinação em demanda do reino do Pai, e receberam a mensagem da
salvação para a comunicar a todos. Por este motivo, a Igreja sente-se real e
intimamente ligada ao género humano e à sua história.
A quem se dirige o Concílio:
todos os homens
2. Por isso, o Concílio
Vaticano II, tendo investigado mais profundamente o mistério da Igreja, não
hesita agora em dirigir a sua palavra, não já apenas aos filhos da Igreja e a
quantos invocam o nome de Cristo, mas a todos os homens. Deseja expor-lhes o
seu modo de conceber a presença e actividade da Igreja no mundo de hoje.
Tem, portanto, diante dos
olhos o mundo dos homens, ou seja a inteira família humana, com todas as
realidades no meio das quais vive; esse mundo que é teatro da história da
humanidade, marcado pelo seu engenho, pelas suas derrotas e vitórias; mundo,
que os cristãos acreditam ser criado e conservado pelo amor do Criador; caído,
sem dúvida, sob a escravidão do pecado, mas libertado pela cruz e ressurreição
de Cristo, vencedor do poder do maligno; mundo, finalmente, destinado, segundo
o desígnio de Deus, a ser transformado e alcançar a própria realização.”
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