A bala do atentado a João Paulo II na coroa de Nossa Senhora


No dia 26 de Março de 1984, um dia após a solene consagração que João Paulo II fez em Roma, diante da imagem de Nossa Senhora de Fátima ida propositadamente da Cova da Iria, o Bispo de Leiria, o reitor do Santuário e o P. Kondor foram convidados a almoçar com o Santo Padre.

Estavam convidados também Mons. Dziwsz, secretário do Papa, Mons. Silveira seu “professor de português", e o Cardeal Casaroli, secretário de Estado do Vaticano.

Durante a refeição falou-se obviamente de Fátima.

"No final do almoço, todos nos dirigimos para a capela privada do Santo Padre, para rezar diante do Santíssimo", recorda por sua vez o reitor do Santuário de Fátima.

"Quando todos já nos encaminhávamos em direcção à saída, o Santo Padre pediu-nos para esperarmos uns instantes”.

Mons. Luciano Guerra conta que o secretário do Papa sai da sala e desaparece.

Poucos minutos depois, regressa, trazendo na mão uma pequena caixa que os convidados não identificam imediatamente.

João Paulo II volta-se para o bispo de Leiria e diz-lhe "Aqui está um presente para entregar a Nossa Senhora".

E D. Alberto recebe, das mãos do Papa, uma bala.

Fora aquele projéctil de metal que, no atentado de 13 de Maio, mais profundamente atingira o abdómen de Woityla e que, pelas hemorragias provocadas, lhe devia ter causado a morte.

Aquela bala caíra aos pés de Mons. Dziwisz durante o atentado.

"O Senhor Bispo ficou muito comovido e abraçou o Santo Padre”, recorda o reitor.

Também o padre Kondor se lembra de que, naquele instante, ficaram todos mudos de emoção: “ninguém conseguiu articular palavra; todos ficamos com os olhos marejados de lágrimas".

Ainda mal refeitos da emoção que acabam de viver, os três homens despedem-se de João Paulo II.

E D. Alberto guarda cuidadosamente o preciso objecto numa pequena caixa com as armas do Papa.

Quando regressaram a Fátima, o bispo e o reitor do santuário não sabem onde colocar o presente que o Papa ofereceu.

O seu destino mais provável seria o sector onde já se encontram outras ofertas igualmente importantes, como, por exemplo, a Rosa de Ouro enviada por Paulo VI; mas o especial significado daquela bala obriga os dois homens a olharem melhor para a imagem da Virgem, na esperança de saber o que fazer.

Colocá-la aos pés de Nossa Senhora é impossível, porque a estátua é feita de madeira.

E se fosse na coroa?

D. Alberto Cosme do Amaral insiste com Mons. Luciano Guerra, mas o reitor não acredita que aquele pedaço de metal possa compatibilizar-se com o precioso objecto de ouro, pérolas e pedras preciosas.

Mesmo assim, Mons. Luciano Guerra vai ao cofre-forte tirar as dúvidas.

Abre o estojo onde a coroa está guardada e olha-a atentamente. Trata-se, sem dúvida, de uma obra-prima de joalharia.

A coroa tem no cimo uma esfera (a simbolizar o globo terrestre) cravejada de turquesas e encimada por uma cruz.

Na base da esfera, que é oca, verifica-se a junção das hastes da coroa, da qual resulta, um pequeno orifício.

"Realmente, ao pegar na coroa, reparei que havia aquele buraquinho, por baixo dos gomos e da cruz", afirma o reitor do santuário.

"Então pensei: "Aqui é capaz de dar".

Com algum cepticismo, faz a experiência. A bala adapta-se na perfeição.

O diâmetro daquele orifício tem quase a medida exacta, faltam apenas uns pequenos ajustes.

Estupefacto, Mons. Luciano Guerra olha agora para a coroa: parece que aquela bala sempre ali esteve, incrustada.

Os trabalhos de adaptação da bala à coroa foram realizados na Ourivesaria Gomes, na Póvoa do Varzim, pelo seu proprietário e mestre joalheiro Manuel Gomes, que recorda como tudo se passou:

"Apareceram-me com a coroa e uma pequena caixa com as armas do Santo Padre, onde estava a bala.

Não foram precisas grandes alterações. Fiz uma aplicação muito simples na parte do fundo da coroa, onde se encaixou tudo muito bem.

O sistema é o mesmo que se utiliza para a aplicação das relíquias.

Foi uma coisa rápida, o trabalho durou apenas umas horas.”

Aura Miguel, “O Segredo que conduz o Papa”. pág. 104-107 |Imagem (publicação autorizada)

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