O abaixamento de Cristo
Aprendei
a humilhar-vos de verdade, e não apenas na aparência, como aqueles que se
humilham de maneira fraudulenta, os hipócritas de que fala o Eclesiástico: «Abaixa-se em humildade fingida aquele cujo
coração está cheio de fraude» (Ecli 19,23, Vulgata). «Pelo contrário, aquele que é verdadeiramente humilde», diz o
bem-aventurado Bernardo, «não procura ver
proclamada a sua humildade, mas passar por desprezível.» Nem a virgindade é
agradável a Deus sem humildade, crede no que vos digo. A Virgem Maria não teria
sido a Mãe de Deus se restasse nele alguma ponta de orgulho. Grande virtude é
esta, pois, sem a qual todas as outras virtudes, longe de poderem existir,
rebentam de orgulho.
Cristo
foi humilhado a ponto de, no seu tempo, nada ter sido considerado mais vil que
Ele. Tão grande foi a sua humildade, tão profundo o seu abaixamento, que
ninguém era capaz de julgar dele segundo a verdade, ninguém podia acreditar que
fosse Deus. Ora, Nosso Senhor e Mestre disse de Si mesmo: «O servo não é mais que o seu senhor» (cf Mt 10,24); portanto, se
sois serva do Senhor, discípula de Cristo, deveis ser aviltada, desconsiderada,
humilde.
São
Boaventura (1221-1274), franciscano, doutor da Igreja | Sobre a vida perfeita,
II, § 1, 3, 4
São Boaventura - bispo e reconhecido doutor da Igreja de Cristo
São Boaventura era um homem de muita
ciência, porém, de maior humildade e conhecimento de Deus
O
santo de hoje foi bispo e reconhecido doutor da Igreja do Cristo que chamou
pescadores e camponeses para segui-lo no carisma de Francisco de Assis, mas
também homens cultos e de ciência. São Boaventura era um destes homens de muita
ciência, porém, de maior humildade e conhecimento de Deus, por isto registrou o
que vivia.
Escreve
ele: “Não basta a leitura sem a unção,
não basta a especulação sem a devoção, não basta a pesquisa sem maravilhar-se;
não basta a circunspecção sem o júbilo, o trabalho sem a piedade, a ciência sem
a caridade, a inteligência sem a humildade, o estudo sem a graça”.
Boaventura
nasceu no centro da Itália em 1218, e ao ficar muito doente recebeu a cura por
meio de uma oração feita por São Francisco de Assis, que percebendo a graça
tomou-o nos braços e disse: “Ó, boa
ventura!”. Entrou na Ordem Franciscana e, pela mortificação dos sentidos e
muita oração, exerceu sua vocação franciscana e sacerdócio na santidade, a
ponto do seu mestre qualificar-lhe assim: “Parece
que o pecado original nele não achou lugar”.
São
Boaventura, antes de se destacar como santo bispo, já chamava – sem querer – a
atenção pela sua cultura e ciência teológica, por isso, ao lado de Santo Alberto Magno e São Tomás de Aquino, caracterizaram o século XIII como o
tempo de sínteses teológicas.
Certa
vez, um frei lhe perguntou se poderia salvar-se, já que desconhecia a ciência
teológica; a resposta do santo não foi outra: “Se Deus dá ao homem somente a graça de poder amá-Lo isso basta… Uma
simples velhinha poderá amar a Deus mais que um professor de teologia”. O
Doutor Seráfico, assumiu muitas responsabilidades, como ministro geral da Ordem
Franciscana, bispo, arcebispo, até que depois de tanto trabalhar, ganhou com 56
anos o repouso no céu.
São Boaventura, rogai por nós!