O homem da última hora
“Naquele
tempo, disse Jesus aos seus discípulos a seguinte parábola: «O reino dos Céus
pode comparar-se a um proprietário, que saiu muito cedo a contratar
trabalhadores para a sua vinha.
Ajustou
com eles um denário por dia e mandou-os para a sua vinha.(…)” (Mt 20, 1-2)
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“Um dos
ladrões que tinham sido crucificados com Jesus exclamou: «Senhor, lembra-Te de mim! Agora, é para Ti que me volto. [...] Não Te
declaro as minhas obras, porque me fazem tremer.
Todos os homens têm boas disposições
relativamente aos companheiros de jornada, e eis que eu sou teu companheiro na
jornada para a morte.
Lembra-Te de mim, teu companheiro de jornada,
não agora, mas quando chegares ao teu Reino» (cf Lc 23,42).
Que poder
foi esse que te iluminou, bom ladrão? Quem te ensinou a adorar assim Aquele que
fora desprezado e crucificado contigo?
Ó luz
eterna, que iluminas os que se encontram nas trevas (cf Lc 1,79)!
«Tem coragem! Em verdade te digo, hoje mesmo
estarás comigo no Paraíso, porque hoje ouviste a minha voz e não endureceste o
coração» (cf Sl 94,8).
Por ter
desobedecido, Adão foi expulso do
Paraíso. [...] Mas tu, que hoje obedeceste à fé, serás salvo. Para Adão, a árvore foi ocasião de queda; a
ti, a árvore far-te-á entrar no Paraíso.
Ó graça
imensa e inexprimível! Abraão, o fiel por excelência, ainda não tinha entrado,
e o ladrão entra.
Maravilhado,
Paulo observa: «Onde abundou o pecado, superabundou a graça» (Rom 5,20).
Aqueles
que tinham trabalhado todo o dia ainda não tinham entrado no Reino, e este, o
homem da última hora, entra sem tardar.
Que
ninguém murmure contra o senhor: «Em nada
te prejudico, meu amigo. [...] Ou não me será permitido dispor dos meus bens
como entender?»
O ladrão
quis ser justo [...], basta-me a sua fé. [...] Eu, o pastor, encontrei a ovelha
perdida e pu-la aos ombros (cf Lc 15,5), porque ela me disse: «Errei, mas lembra-te de mim, Senhor, quando
chegares ao teu Reino».”
São Cirilo de Jerusalém (313-350), bispo de Jerusalém, doutor da Igreja | Catequese Batismal 13 | Imagem