«O Reino dos Céus pode comparar-se a um rei que preparou um banquete nupcial para o seu filho»

 

«O Reino dos Céus pode comparar-se a um rei que preparou um banquete nupcial para o seu filho»

“Naquele tempo, Jesus dirigiu-Se de novo aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos do povo e, falando em parábolas, disse-lhes: «O Reino dos Céus pode comparar-se a um rei que preparou um banquete nupcial para o seu filho.

Mandou os servos chamar os convidados para as bodas, mas eles não quiseram vir.” (Mt 22, 1-3)

Banquete das núpcias do filho do rei

“Há três tipos de núpcias: de união, de justificação e de glorificação.

As primeiras foram celebradas no templo da Virgem Maria; as segundas são celebradas diariamente no templo da alma fiel; as terceiras serão celebradas no templo da glória celeste.

Aquilo que é próprio das núpcias é unir duas pessoas: o esposo e a esposa.

Quando duas famílias estão em conflito, em geral, o casamento une-as, porque o homem de uma delas toma uma mulher pertencente à outra.

Entre nós e Deus, havia uma grande discórdia; para a eliminar e estabelecer a paz, foi necessário que o Filho de Deus tomasse esposa na nossa parentela.

Este casamento foi consumado por meio de vários intermediários e pacificadores, que, com orações insistentes, o obtiveram a grande custo. Finalmente, o Pai deu o seu consentimento e enviou o Filho, que Se uniu à nossa natureza na câmara nupcial da Virgem Maria.

Deste modo, o Pai «preparou um banquete nupcial para o seu Filho».

As segundas núpcias são celebradas quando a graça do Espírito Santo desce sobre a alma e esta se converte. [...]

O esposo da alma é a graça do Espírito Santo. Quando Ele chama à penitência pela inspiração interior, o fascínio do vício perde o seu efeito.

Finalmente, as terceiras núpcias serão celebradas no dia do juízo, à vinda do Esposo, Jesus Cristo, sobre o qual está escrito: «Chegou o esposo! Vinde ao seu encontro» (Mt 25,6).

Com efeito, Ele tomará a Igreja como esposa, como João afirma no Apocalipse: «Eis que vem a esposa, a Jerusalém que desce do Céu, de junto de Deus, revestida da glória de Deus» (cf Ap 21,9-11).

A Igreja dos fiéis desce do Céu porque obteve de Deus que a sua morada fosse nos Céus. Assim, no presente, ela vive pela fé e a esperança, mas dentro em breve celebrará as núpcias com o Esposo : «Bem-aventurados os que foram convidados para o festim das núpcias do Cordeiro!» (Ap 19,9).”

Santo António de Lisboa (c. 1195-1231), franciscano, doutor da Igreja | Sermão do 20.º Domingo depois do Pentecostes

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