A lei de Cristo é o amor
Naquele
tempo, Jesus falou aos seus discípulos, dizendo: «Digo-vos a vós que Me escutais: Amai os vossos inimigos, fazei bem aos
que vos odeiam, abençoai os que vos amaldiçoam, orai por aqueles que vos
injuriam.
A quem te bater numa face, apresenta-lhe
também a outra; e a quem te levar a capa, deixa-lhe também a túnica.
Dá a todo aquele que te pedir, e ao que levar
o que é teu, não o reclames.
Como quereis que os outros vos façam,
fazei-lho vós também.
Se amais aqueles que vos amam, que
agradecimento mereceis? Também os pecadores amam aqueles que os amam.
Se fazeis bem aos que vos fazem bem, que
agradecimento mereceis? Também os pecadores fazem o mesmo.
E se emprestais àqueles de quem esperais
receber, que agradecimento mereceis? Também os pecadores emprestam aos
pecadores, a fim de receberem outro tanto.
Vós, porém, amai os vossos inimigos, fazei o
bem e emprestai, sem nada esperar em troca. Então será grande a vossa
recompensa e sereis filhos do Altíssimo, que é bom até para os ingratos e os
maus.
Sede misericordiosos, como o vosso Pai é
misericordioso.
Não julgueis e não sereis julgados. Não
condeneis e não sereis condenados. Perdoai e sereis perdoados.
Dai e dar-se-vos-á; deitar-vos-ão no regaço
uma boa medida, calcada, sacudida, a transbordar. A medida que usardes com os
outros será usada também convosco». (Lc 6,27-38)
*****
A lei de Cristo é o amor
«Quem Me ama, guardará os meus mandamentos»,
diz o Senhor.
«Ora, o meu mandamento é este: que vos ameis
uns aos outros» (cf Jo 14,15.23; 15,12). [...] Deste modo, quem não ama o
seu próximo não guarda este mandamento. E quem não guarda este mandamento não
ama o Senhor. [...]
Se o amor
é o cumprimento da lei (cf Rom 13,10), aquele que quer mal ao seu irmão, que
faz intrigas contra ele, que lhe deseja mal e se alegra com as suas quedas está
a transgredir a lei e merece o castigo eterno.
Se aquele
que calunia e julga o seu irmão calunia e julga a lei (cf Tg 4,11), e se a lei
de Cristo é o amor, o caluniador priva-se do amor de Cristo e coloca-se a si
mesmo em risco de merecer o castigo eterno.
Não abras
os ouvidos ao que diz a língua do caluniador, e que a tua língua não fale ao
ouvido do que ama dizer mal.
Não
tenhas prazer em falar contra o teu próximo, nem em ouvir o que se diz contra
ele, a fim de não te privares do amor divino nem seres afastado da vida eterna.
[...]
Fecha os
teus ouvidos à boca do caluniador, a fim de não cometeres com ele um duplo
pecado, habituando-te a uma paixão perigosa e não impedindo o caluniador de
falar contra o seu próximo. [...]
Se todos
os carismas do Espírito se tornam, sem o amor, inúteis a quem os tem, conforme
o divino apóstolo (cf Cor 13,3), com que fervor não havemos nós de testemunhar,
a fim de adquirirmos o amor!
São Máximo, o Confessor (c.
580-662), monge, teólogo | Centúria I sobre o amor, n.º 16, 56-58, 60, 64 |
Imagem
*****
São Máximo, o Confessor
Nascido
em Constantinopla, foi o teólogo bizantino mais importante do séc. VII,
comentarista e seguidor da doutrina mística do Pseudo-Dionísio.
Sua obra,
no entanto, centrou-se na defesa da doutrina cristológica dos padres gregos.
Influiu poderosamente na teologia e mística da Idade Média.
Deste
grande cristão, o que primeiro devemos resenhar é a sua própria vida. Secretário
do imperador Heráclio I, deixou seu cargo em 613 para empreender uma vida
monástica próxima de Crisópolis (Bitínia).
Fugindo
da invasão persa de 626, dirigiu-se ao norte da África, onde tomou parte da
controvérsia monotelista em Cartago. Decididamente inclina-se para dupla
vontade, divina e humana, na única pessoa de Cristo, e a defende. Ler+