O Livro da Vida
“Naquele
tempo, vieram ter com Jesus sua Mãe e seus irmãos, mas não podiam chegar junto
dele por causa da multidão.
Então
disseram-Lhe: «Tua Mãe e teus irmãos
estão lá fora e querem ver-Te».
Mas Jesus
respondeu-lhes: «Minha mãe e meus irmãos
são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática».” (Lc 8,19-21)
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O Livro da Vida
“O Evangelho é o livro da vida do Senhor e
está feito para se tornar o livro da nossa vida.
Não foi
feito para ser compreendido, mas para ser abordado como um limiar de mistério.
Não foi feito para ser lido, mas para ser recebido em nós.
Todas as
suas palavras são Espírito e vida. Ágeis e livres, apenas esperam a avidez da
nossa alma para nela se fundirem. Palavras vivas, são como o fermento inicial,
que fecunda a nossa massa e a faz crescer com um estilo de vida novo. [...]
As
palavras do Evangelho são milagrosas
e, se não nos transformam, é porque não lhes pedimos que o façam.
A verdade
é que em cada frase de Jesus, em
cada um dos seus exemplos, permanece o poder forte que curou, purificou e
ressuscitou; desde que sejamos, perante Ele, como o paralítico e o centurião,
de respondermos imediatamente e com obediência plena. [...]
Ajudar-nos-á
guardarmos em nós, no calor da nossa fé e da nossa esperança, a palavra à qual
queremos obedecer; entre ela e a nossa vontade estabelecer-se-á então um pacto
de vida.
Quando
temos o Evangelho nas mãos, devemos
pensar que nele habita o Verbo, que quer fazer-Se carne em nós, tomar conta de
nós, para que, com o seu coração enxertado no nosso, com o seu espírito
enxertado no nosso espírito, recomecemos a sua vida noutro sítio, noutro tempo,
noutra sociedade humana.
Aprofundar
o Evangelho desta maneira significa
renunciar à própria vida para receber um destino que tem a Cristo como forma.”
Venerável Madaleine Delbrêl
(1904-1964), missionária das pessoas da rua | «O Livro do Senhor» | Imagem
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“Madeleine
Delbrêl foi uma mística cristã, assistente social, ensaísta e poetisa. Nasceu a
24 de Outubro de 1904 em Mussidan-Dordogne, na França.
A sua
família não praticava o catolicismo, embora tenha feito a primeira comunhão aos
12 anos, facto que, anos mais tarde, ela considerou como uma festa social. Aos
16 anos, depois de estudar Filosofia e Artes, em Paris, decidiu-se pelo
ateísmo.
Poucos
anos depois, dois acontecimentos na sua vida abalaram suas convicções:
- em 1923,
o seu noivo deixa-a para entrar para um convento,
- e um
ano depois, seu pai vem a falecer.
Em 1924,
essas duas realidades levaram Madeleine a rezar, a buscar compreensão sobre a
vida, o que ela disse ter sido uma “tempestuosa conversão”.
Buscou
inspiração em Santa Teresa de Ávila, que sugeria pensar silenciosamente em
Deus, pelo menos cinco minutos por dia.
“Eu
decidi rezar […] mas foi Deus que me encontrou e eu encontrei-O como o Vivente
que se pode amar como uma pessoa concreta”, registrou Madeleine anos mais
tarde.” Fonte