São João Baptista - Precursor na morte como na vida
Martírio
de São João Baptista
“Ela saiu
e perguntou à mãe: «Que hei de pedir?». A mãe respondeu-lhe: «Pede a
cabeça de João Batista».
Ela
voltou apressadamente à presença do rei e fez-lhe este pedido: «Quero que me
dês sem demora, num prato, a cabeça de João Batista».
O rei
ficou consternado, mas por causa do juramento e dos convidados, não quis
recusar o pedido.
E mandou
imediatamente um guarda, com ordem de trazer a cabeça de João. O guarda foi à
cadeia, cortou a cabeça de João e trouxe-a num prato. A jovem recebeu-a e
entregou-a à mãe.
Quando os
discípulos de João souberam a notícia, foram buscar o seu cadáver e deram-lhe sepultura.”
(Mc 6, 24-29)
*****
Precursor
na morte como na vida
“Ilustre
precursor da graça e mensageiro da verdade,
João
Batista, tocha de Cristo,
tornou-se
evangelista da Luz eterna.
O
testemunho profético que não cessou de dar
com a sua
mensagem, com toda a sua vida e a sua atividade,
assinala-o
hoje com o seu sangue e o seu martírio.
Sempre
tinha precedido o Mestre:
ao
nascer, anunciou a sua vinda a este mundo;
ao
batizar os penitentes no Jordão,
prefigurou
Aquele que vinha instituir o batismo;
e a morte
de Cristo redentor, seu Salvador, [...]
também João
Batista a viveu antecipadamente,
derramando
amorosamente o seu sangue por Ele.
Um tirano
cruel meteu-o na prisão e a ferros;
em
Cristo, porém, as correntes não conseguem prender
aquele
que tem um coração livre, aberto ao Reino.
Pois como
poderiam a escuridão e as torturas de um cárcere sombrio
dominar
aquele que vê a glória de Cristo,
e que
recebe dele os dons do Espírito?
Voluntariamente
oferece a cabeça ao gládio do carrasco;
mas como
pode perder a cabeça
aquele
que tem a Cristo por seu chefe?
Hoje,
sente-se feliz por completar o seu papel de precursor
com a sua
partida deste mundo.
Aquele de
quem deu testemunho em vida,
Cristo que vem
e que já aqui está, hoje o proclama a sua morte.
Como
poderia a mansão dos mortos reter esta mensagem que lhe foge?
Alegram-se
os justos, os profetas e os mártires,
que com
ele vão ao encontro do Salvador.
Todos
eles rodeiam João com amor e louvores,
e com ele
suplicam a Cristo que venha finalmente ter com os seus.
Ó grande
precursor do Redentor! Ele não tarda,
Aquele
que te libertará para sempre da morte.
Conduzido
pelo teu Senhor,
entra na
glória com os santos!”
São Beda,
o Venerável (c. 673-735), monge beneditino, doutor da Igreja
| Hino ao Martírio de São João Batista; PL 94, 630 | Imagem
*****
(…) No
início do século VIII, não surge ninguém comparável a Beda, o Venerável
(† 735).
Ele passa
quase toda a sua vida no mosteiro de Jarrow, em Northmbrie. Sempre professando
a Teologia – uma teologia então reduzida somente à explicação dos textos das
Escrituras - Beda tudo estudava, como genial iniciador: à métrica, a
cronologia, sobretudo a História.
São Beda deixou o
primeiro Martirológio crítico e, com sua História
Eclesiástica da Nação dos Anglos, legou um documento insubstituível
sobre as origens inglesas.
Um
discípulo de Beda, Egberto, foi quem fundou a escola de York (por volta
de 750), de onde sairiam Alcuíno e outros mestres da Renascença
carolíngia. (“História da Igreja”, Pierre Pierrard – texto editado e adaptado)