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«Tenho pena desta multidão»

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Diz-nos a Escritura : « Tens compaixão de todos, pois tudo podes e desvias os olhos dos pecados dos homens, a fim de os levar à conversão. Tu amas tudo quanto existe e não detestas nada do que fizeste. […] Tu poupas a todos, porque todos são teus, ó Senhor, que amas a vida! » (Sab 11,23s). Aquilo que O fez descer do Céu e receber o nome de Jesus […] foi o seu grande amor pelos homens, a sua compaixão pelos pecadores. Porque haveria de consentir esconder a sua glória num corpo mortal, se não desejasse ardentemente salvar os que se tinham afastado, os que tinham perdido por completo a esperança da salvação? Ele próprio declara: « O Filho do homem veio procurar e salvar o que estava perdido » (Lc 19,10). Para não nos deixar perecer, Ele fez tudo o que pode fazer um Deus omnipotente, segundo os seus atributos divinos: deu-Se a Si mesmo. Ele ama-nos a todos de tal maneira, que quer dar a vida por cada um de nós, e de forma tão absoluta e tão plena por cada um, como se não houvess

«Felizes os olhos que veem o que estais a ver»

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“Eis, meus bem-amados, esse tempo celebrado com tanto fervor, e que é, como diz o Espírito Santo , um tempo de favor divino (Is 61,12; Lc 4,19), um período de salvação, de paz e de reconciliação; tempo desde há muito ardentemente desejado pelos profetas e os patriarcas, nos seus votos e nas suas mais profundas aspirações, e que foi visto pelo justo Simeão com uma alegria transbordante (Lc 2,26s). Como foi sempre celebrado com tanto fervor pela Igreja, devemos nós próprios contemplá-lo nos louvores e nas ações de graças dirigidos ao Pai eterno, pela misericórdia que manifestou neste mistério. Sendo este tempo em cada ano revivido pela Igreja , somos exortados a recordar constantemente a memória de tanto amor para connosco. O que nos faz aprender também que a vinda de Cristo não aproveitou apenas àqueles que viviam na época do Salvador, pois a sua força seria comunicada igualmente a todos nós; contanto que, por meio da fé e dos sacramentos, queiramos acolher a graça que Ele no

«Do Oriente e do Ocidente virão muitos sentar-se à mesa [...] no reino dos Céus»

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«Imagem de Deus invisível» (Col 1,15), Cristo é o homem perfeito, que restitui aos filhos de Adão a semelhança divina, deformada desde o primeiro pecado. Pois que a natureza humana foi n'Ele assumida, e não destruída, também em nós foi ela elevada a sublime dignidade. Porque, pela sua encarnação, o Filho de Deus uniu-Se de certo modo a cada homem. Trabalhou com mãos humanas, pensou com uma inteligência humana, agiu com uma vontade humana, amou com um coração humano. Nascido da Virgem Maria, tornou-Se verdadeiramente um de nós, semelhante a nós em tudo, exceto no pecado (Heb 4,15). [...] O cristão, tornado conforme à imagem do Filho, que é o primogénito entre a multidão dos irmãos (Rom 8,29), recebe «as primícias do Espírito» (Rom 8,23), que o tornam capaz de cumprir a lei nova do amor. Por meio deste Espírito, «penhor da herança» (Ef 1,14), o homem todo é renovado interiormente, até à «redenção do corpo» (Rom 8,23). [...] É verdade que, para o cristão, é uma necessidade e

«Eles deixaram logo as redes e seguiram-n’O»

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Tal como o olho são e puro recebe o raio luminoso que lhe é enviado, assim o olho da fé, com a pupila da simplicidade, reconhece a voz de Deus quando o homem a escuta.  A luz imanente da sua palavra ergue-se nele, e o homem lança-se alegremente à sua frente e recebe-a, como dizia Nosso Senhor no seu Evangelho: « As minhas ovelhas escutam a minha voz e seguem-Me » (Jo 10,27). Foi com esta pureza e esta simplicidade que os apóstolos seguiram a palavra de Cristo. O mundo não os pôde impedir, nem os hábitos humanos os puderam reter, nem nenhum dos bens que passam por ter algum valor no mundo os puderam estorvar.  Estas almas tinham sentido Deus e viviam na fé; para almas como estas, nada pode ser mais importante do que a palavra de Deus. Esta é fraca nas almas mortas; e é porque a alma está morta que, de forte, a Palavra se torna fraca e o ensino de Deus, de válido, perde força. Porque toda a atividade do homem se dirige para onde ele vive; aquele que vive para o mundo põe

«Quando estas coisas começarem a acontecer, cobrai ânimo e levantai a cabeça, porque a vossa libertação está próxima» (Lc 21,28)

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«Reduzistes a cidade a um montão de pedras; a cidadela dos orgulhosos está aniquilada, jamais será reedificada. Por isso um povo forte vos glorifica» (Is 25,2-3). Pertence ao desígnio constante de Deus omnipotente e aos seus conselhos irrepreensíveis reduzir as «cidadelas» a «montões de pedra», abalá-las desde os fundamentos, sem esperança de voltarem a erguer-se: «jamais será reedificada», diz o texto. Estas cidades destruídas não são, a nosso ver, aquelas que são percetíveis pelos sentidos, nem são os homens que nelas vivem. Parece-nos que se trata antes das potências más e hostis, e sobretudo de Satanás, aqui chamado cidade e «cidadela». [...] Quando o  Emanuel  apareceu e brilhou neste mundo, o exército ímpio das potências adversas foi derrubado, Satanás foi abalado nos seus fundamentos e caiu, enfraquecido para sempre, sem esperança de voltar a erguer-se, de levantar de novo a cabeça. Por isso, o povo pobre e a cidade dos homens oprimidos bendirá o Senhor. Israel foi ch

«Esta viúva pobre deu mais do que todos os outros»

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No Evangelho de Lucas , o Senhor ensina-nos como devemos ser misericordiosos e generosos para com os pobres, sem nos determos a pensar na nossa pobreza; porque a generosidade não se avalia segundo a abundância do património, mas segundo a disposição de dar. É por isso que a palavra do Senhor deu preferência entre todos à viúva, acerca da qual diz: « Esta viúva deu mais do que todos ». No aspeto moral, o Senhor ensina-nos que não devemos deixar de fazer o bem por vergonha da pobreza, e que os ricos não se devem vangloriar por parecer que dão mais que os pobres. Uma pequena moeda tirada de poucos bens prevalece sobre um tesouro tirado da abundância; não se avalia o que é dado, mas sim o que fica. Ninguém deu mais do que aquela que nada guardou para si. [...] Em sentido místico, não podemos esquecer esta mulher que põe duas moedas no tesouro. É seguramente grande, esta mulher que mereceu ser preferida a todos no juízo de Deus! Não terá sido ela que, pela sua fé, foi beber aos do

«Todo o povo ficava maravilhado quando O ouvia.»

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"Hoje, gostaria de fazer uma breve referência a mais uma imagem que nos ajuda a explicar o mistério da Igreja: a imagem do Templo ( Lumen gentium , 6).  […] Em Jerusalém, o grande Templo de Salomão era o lugar do encontro com Deus na oração; no interior do Templo, encontrava-se a Arca da Aliança , […] que era uma referência ao facto de que Deus sempre esteve no seio da história do seu povo.  […] Também nós devemos recordar esta história, cada qual a sua própria história: como Jesus veio ao meu encontro, como Jesus caminhou comigo, como Jesus me ama e me abençoa. Eis que quanto tinha sido prenunciado no antigo Templo é realizado, pelo poder do Espírito Santo , na Igreja: a Igreja é a «casa de Deus», o lugar da sua presença, onde podemos encontrar o Senhor; a Igreja é o Templo onde habita o Espírito Santo, que a anima, orienta e sustém.  Se perguntarmos: onde podemos encontrar Deus? Onde podemos entrar em comunhão com Ele, através de Cristo?  Onde podemos encontrar a luz