São Nuno de Santa Maria (D. Nuno Álvares Pereira)
Herói e santo.
Nasceu em Cernache do Bonjardim, Sertā,
a 24.6.1360, e morreu em Lisboa, a 1.4.1431.
Era filho de D. Álvaro Gonçalves
Pereira (prior da Ordem de S. João do Hospital) e de Iria Gonçalves do Carvalhal (dama do Paço).
Aos 13 anos entrou para a corte de D.
Fernando, tornando-se escudeiro da rainha D. Leonor Teles.
Aos 16 anos, para não contrariar o
pai, apesar do seu propósito de se manter casto, a exemplo de Galaaz, casou, a 15.8.1376,
com a jovem viúva D. Leonor Alvim, da qual teve três filhos.
Destes, sobreviveria apenas D.
Beatriz, a mais nova, que casaria em 1401 com o filho natural de D. João
I, o conde de Barcelos, D. Afonso, que viria a ser o 1.º duque de Bragança.
Herói da luta pela independência de Portugal
Após a morte de D. Fernando, em
1383, tornou-se a espada que assegurou ao partido nacional a sua autonomia
efectiva perante as pretensões castelhanas: em 6.4.1384 obteve o primeiro dos
seus grandes êxitos na Batalha dos Atoleiros.
Nomeado condestável do reino em 7.4.1385,
no dia imediato à aclamação de D. João I, nas Cortes de Coimbra,
efectuou a conquista do Minho, e em 14.8.1385 alcançou a vitória
decisiva de Aljubarrota, confirmada na jornada heróica de Valverde
(15/16.10.1385).
Tendo combatido sempre em inferioridade
numérica, o segredo dos seus êxitos militares assentava nas suas qualidades
quer de chefe (da força persuasiva, do exemplo, da entrega incondicional aos ideais
de Deus e da Pátria, o que lhe permitiu exigir uma confiança absoluta nas
suas decisões), quer de estratega, que sabia tirar partido do local de combate
e do momento oportuno para um golpe de audácia, que, graças à disciplina rigorosa
imposta aos seus subordinados, lhe assegurasse o desfecho vitorioso da batalha.
Deu ainda outras provas do seu génio
militar, aliado a uma intrepidez indesmentida, tendo, inclusive, participado na
conquista de Ceuta (21.8.1415).
Ideal de bem-fazer
Consolidado no trono D. João I,
entregou-se ao seu ideal de bem-fazer:
- em 1388 deu início à Capela de S.
Jorge, em Aljubarrota,
- e em 1389 ao Convento do Carmo,
em Lisboa, que começou a ser habitado em 1397;
- em 1393 distribuiu generosamente
pelos seus companheiros de armas boa parte das terras que lhe tinham sido
doadas.
Viúvo em 1388, e sem a sua filha Beatriz,
falecida em 1414, cada vez mais se foi desprendendo deste mundo.
Em 1422 repartiu pelos três netos os
seus títulos e domínios e em 15.8.1423 professou em Lisboa, no seu Mosteiro
do Carmo, como irmão donato, tomando o nome de Nuno de Santa Maria.
O Santo Condestável, como já em
vida o povo de Lisboa lhe chamava, veio a ser beatificado em 23.1.1918, através
do decreto Clementissimus
Deus, do Papa Bento XV.
Foi
canonizado, a 26 de abril de 2009, na Praça de São Pedro – Vaticano, pelo papa
Bento XVI.
A Igreja Católica celebra a sua
memória litúrgica e 6 de Novembro.
É o Padroeiro do Corpo Nacional de Escutas – Escutismo Católico Português.
Fonte: "O Grande Livros dos Portugueses" (texto editado e adaptado)