«Bem-aventurados vós, os pobres»
Evangelho segundo São Lucas (Lc. 6,20-26)
“Naquele tempo,
Jesus, erguendo os olhos para os discípulos, disse: «Bem-aventurados vós, os pobres, porque é vosso o Reino de Deus.
Bem-aventurados vós, que agora tendes fome,
porque sereis saciados. Bem-aventurados vós, que agora chorais, porque haveis de rir.
Bem-aventurados sereis quando os homens vos
odiarem, quando vos rejeitarem e insultarem e proscreverem o vosso nome como
infame por causa do Filho do homem.
Alegrai-vos e exultai nesse dia, porque é
grande no Céu a vossa recompensa. Era assim que os seus antepassados tratavam
os profetas.
Mas ai de vós, os ricos, porque já
recebestes a vossa consolação.
Ai de vós, que agora estais saciados, porque
haveis de ter fome. Ai de vós, que rides agora, porque haveis de
entristecer-vos e chorar.
Ai de vós quando todos os homens vos
elogiarem. Era assim que os seus antepassados tratavam os falsos profetas».”
Tradução
litúrgica da Bíblia
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«Bem-aventurados vós, os pobres»
Os deserdados
da fortuna aprendem da Igreja que, segundo o juízo do próprio Deus, a pobreza
não é um opróbrio e que não se deve corar por ter de ganhar o pão a trabalhar.
Jesus Cristo
Nosso Senhor confirmou-o com o seu exemplo: Ele, que «de muito rico que era, Se fez indigente» (2Cor 8,9) para a salvação
dos homens; que, Filho de Deus e Deus Ele mesmo, quis passar aos olhos do mundo
por filho dum artesão; que passou uma grande parte da sua vida a trabalhar: «Não é Ele o carpinteiro, o Filho de Maria?»
(Mc 6,3).
Quem tiver na
sua frente o modelo divino compreenderá mais facilmente o que vamos dizer: que
a verdadeira dignidade do homem e a sua excelência reside nos seus costumes,
isto é, na sua virtude; que a virtude é o património comum dos mortais, que
está ao alcance de todos, dos pequenos e dos grandes, dos pobres e dos ricos;
só a virtude e os méritos, seja qual for a pessoa em quem se encontrem, obterão
a recompensa da eterna felicidade.
Mais ainda: é
para as classes desafortunadas que o coração de Deus parece inclinar-se mais.
Jesus Cristo
chama aos pobres bem-aventurados; convida com amor a irem a Ele, a fim de os
consolar, todos os que sofrem e choram (cf Mt 11,28); abraça com terna caridade
os pequenos e os oprimidos.
Estas doutrinas
foram, sem dúvida alguma, feitas para humilhar a alma altiva do rico e o tornar
mais condescendente, para reanimar a coragem daqueles que sofrem e lhes
inspirar confiança.
Com elas se
acharia diminuído o abismo causado pelo orgulho, e se obteria sem dificuldade
que as duas classes dessem as mãos e as vontades se unissem na mesma amizade.
Leão XIII
(1810-1903), papa | Encíclica Rerum novarum, 13 | Imagem
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